quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

É o Fim que Confere o Significado às Palavras

Cada fim de Ano é, por norma, um momento de reflexão e é, também, a renovação da esperança para os 365 dias seguintes.
Alguns de nós, seres humanos, dedicam ou dedicaram a sua vida, ou parte dela, à reflexão e à crítica sobre a sociedade e os seus actores. Esses, fazem da palavra escrita, o meio eleito de partilha e de cada um de nós, leitores, os receptáculos dessas palavras sobre as quais, nós próprios, reflectimos e valorizamos em conformidade com os nossos próprios valores.
Samuel Beckett, prémio Nobel da Literatura em 1969 e considerado um dos principais autores do chamado Teatro do Absurdo, foi um desses seres humanos, um dos maiores dramaturgos do séc. XX, um crítico do próprio ser humano.
Este pequeno texto de Beckett é, do meu ponto de vista, um óptimo ensaio de reflexão para o final do ano 2009.


"Apenas as palavras quebram o silêncio, todos os outros sons cessaram. Se eu estivesse silencioso, não ouviria nada. Mas se eu me mantivesse silencioso, os outros sons recomeçariam, aqueles a que as palavras me tornaram surdo, ou que realmente cessaram. Mas estou silencioso, por vezes acontece, não, nunca, nem um segundo. Também choro sem interrupção. É um fluxo incessante de palavras e lágrimas. Sem pausa para reflexão. Mas falo mais baixo, cada ano um pouco mais baixo. Talvez. Também mais lentamente, cada ano um pouco mais lentamente. Talvez. É-me difícil avaliar. Se assim fosse, as pausas seriam mais longas, entre as palavras, as frases, as sílabas, as lágrimas, confundo-as, palavras e lágrimas, as minhas palavras são as minhas lágrimas, os meus olhos a minha boca. E eu deveria ouvir, em cada pequena pausa, se é o silêncio que eu digo quando digo que apenas as palavras o quebram. Mas nada disso, não é assim que acontece, é sempre o mesmo murmúrio, fluindo ininterruptamente, como uma única palavra infindável e, por isso, sem significado, porque é o fim que confere o significado às palavras."

Samuel Beckett, in 'Textos para Nada'

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Os palhaços, os da linha de Cascais e os outros...

A propósito dos últimos episódios ocorridos numa sessão da Comissão de Saúde da Assembleia da República, divulgados pela comunicação social, já muito se falou, comentou, criticou e se tomou “partido”, enfim, o “festival” de sempre e que, infelizmente, já se está a tornar um hábito.
Se por um lado, esta divulgação/propaganda poderá ser considerada positiva dado que traz a público ou dá a conhecer aos cidadãos deste país, aquilo que os eleitos realmente são, como passam o tempo, como trabalham, como são altamente produtivos nas funções para onde foram eleitos e de onde retiram uma parte do "saláriozinho" que auferem (pago pelos contribuintes), como é educado e digno o relacionamento entre pessoas com graus académicos tão elevados e que ocupam altos cargos neste país, como doutrinam a arte de bem falar, como são responsáveis e dignificam os cargos que ocupam e as instituições que representam. Por outro lado, mostram o quão podre está a ficar a nossa sociedade, aumentando o descrédito total na instituições, nos políticos, na política e nas pessoas. Pior, estas imagens e estes comportamentos incentivam à desordem geral, pois o exemplo, como se diz, tem que vir de cima. Claro que isto pode ser uma desculpa para que cada um se desresponsabilize sobre a sua conduta, mas, isso não elimina nem retira, de forma alguma, o comprometimento que estas pessoas têm para com as instituições e para com a sociedade quando aceitaram os cargos e se obrigaram, por isso, a dignifica-los e a respeita-los.
Quando às opiniões de cada um sobre este assunto, também muito pouco de positivo se pode retirar, isto porque os comentários feitos são, na sua generalidade, uma extensão daquilo que foi visto e ouvido pelo país inteiro. Ou seja, de baixo nível, má educação e distribuição de ofensas -“piropos”- ora para uns ora para outros (conforme a simpatia política). Portanto, apenas se está a “decorar ainda mais o prato” e a alimentar algo que, logo à partida, já não é nada dignificante. Poderá perguntar-se se não seremos todos iguais caso haja oportunidade para tal?
É um desalento e é muito triste aquilo em que a sociedade se tornou e triste é, também, o que as pessoas fizeram das instituições públicas, políticas, justiça e outras...
Não são apenas as políticas e os políticos os actores principais desta palhaçada em que a nossa democracia se tornou. Infelizmente, quando olhamos ao nosso redor o que vemos é o desmoronamento e a descredibilização total da nossa democracia, da nossa liberdade, das nossas crenças, da nossa esperança e das nossas instituições.
O que fazer? Não sei, mas uma coisa é certa, as instituições não são edifícios, sedes, lugares ou espaços físicos e nem funcionam ou existem por si e em si. Existem porque existem pessoas e funcionam com pessoas e para as pessoas, com leis e com regras, daí que, na minha modesta opinião, o que é urgente alterar é o ser humano, a começar pela mudança de mentalidade, passando pelo comportamento, pela moralidade e terminando no respeito que devemos ao que nos rodeia, sejam pessoas, sejam animais seja a natureza.
Só um milagre de Natal!!! Dos bem GRANDES.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O Natal

"O amor é aquilo que está contigo na sala, no Natal, se parares de abrires os presentes e escutares com atenção"

Bobby, 7 anos

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Jose Carlos Ary dos Santos

(...) Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade. (...)


Se fosse vivo, faria hoje 73 anos, aquele a quem chamam o poeta de Abril.
Existe sempre uma certa tendência de procurar na apologia das recordações e do passado, as justificações dos fracassos e das vitórias do presente. É neles, também, que depositamos as nossas esperanças, alimentamos os nossos sonhos ou imaginamos o nosso futuro.
As palavras que nos legou, são a apologia do nosso passado, do presente e podem ser a semente da nossa esperança, basta ler Ary...

Aqui fica uma pequena homenagem

Nona Sinfonia

É por dentro de um homem que se ouve
o tom mais alto que tiver a vida
a glória de cantar que tudo move
a força de viver enraivecida.

Num palácio de sons erguem-se as traves
que seguram o tecto da alegria
pedras que são ao mesmo tempo as aves
mais livres que voaram na poesia.

Para o alto se voltam as volutas
hieráticas sagradas impolutas
dos sons que surgem rangem e se somem.

Mas de baixo é que irrompem absolutas
as humanas palavras resolutas.
Por deus não basta. É mais preciso o Homem.

Ary dos Santos, in 'O Sangue das Palavras'

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O que mudou?

ORDINARIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política do acaso, política do compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?”

(Eça de Queiroz, 1867 in “O distrito de Évora”)

Mais uma ...adivinha.

As Leis são como as teias de aranha.
Os pequenos insectos ficam presos e os grandes furam-na.

Autor desconhecido

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"Pátria" minha - do Séc. XIX ao Séc. XXI qual a diferença?

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,
aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,
sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;
um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,
e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que
um lampejo misterioso da alma nacional,
reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,
não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,
sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,
descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação,
da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;
este criado de quarto do moderador; e este, finalmente,
tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política,
torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,
incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos,
iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,
e não se malgando e fundindo, apesar disso,
pela razão que alguém deu no parlamento,
de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
Guerra Junqueiro, 1896.

domingo, 15 de novembro de 2009

E ASSIM LÁ VAMOS NÓS VIVENDO...

A minha filha disse-me uma vez o seguinte “a falares assim não vais conseguir fazer nada na política”. Devo admitir que para além da surpresa momentânea que tive porque, ela, uma miúda de 24 anos e desprendida, como a maioria dos jovens, de muitos problemas da nossa sociedade, evidenciou naquele instante e naquela frase, que afinal não está tão alheia à realidade, como, atestou também, uma realidade que é (tenho essa consciência mas recuso-me a ceder ou aceitar alterar) cada vez mais frequente, mais consciente e mais vulgar na vida dos cidadãos (para os que estão e para os que não estão na política) do que eu gostaria de admitir. Uma realidade baseada na hipocrisia, na mentira, na corrupção, no interesse e enriquecimento pessoal, na bajulação, no atropelamento dos outros e da sociedade, enfim, uma realidade sustentada numa panóplia de valores, que se tornaram o objectivo de vida de muitos, ou então são tidos como “normais”, de tal forma, que as pessoas lá vão aceitando e, na primeira oportunidade fazem o mesmo.
Para o bem e para o mal, este modo de estar e "valores" não fazem parte do meu vocabulário nem do meu dia-a-dia, mas, evidentemente, muitos já foram aqueles que me disseram e uns tantos outros poderão vir dizer, que sou uma idealista, que sou ingénua, talvez até pouco inteligente e pouco esperta, pois devia fazer como os outros se quiser sobreviver e/ou andar no mundo da política. Variadas vezes tenho ficado frustrada por nada poder fazer para impedir certas atitudes, por não poder ou por não encontrar uma fórmula para fazer com que as pessoas tomem consciência das suas acções e do mal que elas provocam aos mais desprotegidos e à Humanidade. Devo confessar que nos últimos anos, e com alguma frequência, tenho pensado em desistir e pensar apenas em mim, na minha vidinha e em como resolver os meus problemas. Algumas vezes tenho mesmo conseguido afastar-me da realidade e da “política” por algum tempo, no entanto, “é sol de pouca dura” como diz o povo. Quando dou por mim, lá estou eu a ralhar, a falar sozinha, a inquietar-me e a preocupar-me com o que vejo e oiço à minha volta, com as pessoas e colegas de trabalho que progridem na profissão à custa das “cunhas”, da “graxa” ou militância partidária e não das capacidades profissionais; com as atitudes desses “políticos”, desses banqueiros, desses gestores, directores e presidentes de empresas e multinacionais (que ninguém vê o rosto), desses juízes, procuradores e advogados, desses jornalistas e directores de jornais, desses homens e mulheres que vivem no topo da pirâmide social e que nada mais fazem senão tirar vantagem do poder que conseguiram, do dinheiro que têm, dos lobbies que vão controlando, para subjugar tudo e todos, especilamente os que não fazem como eles. E o mundo vai ficando cada vez pior, e os pobres cada vez mais pobres, e os desprotegidos cada vez mais desprotegidos.
O sentimento crescente é de falta de confiança e um grande desalento. Falta de confiança, nas pessoas, nas instituições, no futuro, na palavra e na honra (se é que alguém se lembra já o que é). Falta de confiança até em nós próprios, pois, inevitavelmente, acabamos por pensar que somos nós que estamos errados, que somos nós que não temos capacidade e alguns acabam sucumbir à "pressão" e passam empenhar-se no sentido de fazer exactamente o mesmo para conseguir benefícios para si próprios, para melhorar de vida, custe o que custar, atropele-se quem tiver que se atropelar. Como? Isso não interessa para nada! Os outros acabam nos consultórios dos psiquiatras e a entupir-se que antidepressivos para conseguir sobreviver ao atropelo humano. Ou seja, o ciclo alimenta-se assim, os que não estão querem estar, por isso muitas vezes se ouve esta frase “ se eu lá estivesse fazia o mesmo”. Os que não estão nem querem estar, que se tornem espertos, senão quem os manda ser assim "parvos".
É assim a nossa sociedade e é assim que se sustenta a corrupção e a hipocrisia, a falta de decoro, a falta de valores, a falta de respeito pelos outros, pela liberdade e pela democracia. Enfim, e perdoem-me o desabafo porque mesmo não sendo comunista nem defender os princípios deste socialismo que lhe estão associados, não posso deixar de reconhecer que o Karl Marx tinha razão quando falava do capitalismo e das suas consequências.
O que me assusta ainda mais é que ainda não acabou e, por mais fértil que seja a nossa imaginação, será que conseguimos imaginar o que nos espera?
Para já, não posso deixar de concordar com Jorge de Sena quando escreve”As palavras estão podres”

terça-feira, 27 de outubro de 2009

ESTÃO PODRES AS PALAVRAS...

Estão podres as palavras - de passarem
por sórdidas mentiras de canalhas
que as usam ao revés como o carácter deles.
E podres de sonâmbulos os povos
ante a maldade à solta de que vivem
a paz quotidiana da injustiça.
Usá-las puras - como serão puras,
se caem no silêncio em que os mais puros
não sabem já onde a limpeza acaba
e a corrupção começa? Como serão puras
se logo a infâmia as cobre de seu cuspo?
Estão podres: e com elas apodrece a mundo
e se dissolve em lama a criação do homem
que só persiste em todos livremente
onde as palavras fiquem como torres
erguidas sexo de homens entre o céu e a terra.
"Jorge de Sena"

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Recado ao PS Bombarral

Fiquei com muita pena que o Jorge Gabriel não tenha conseguido alcançar os objectivos propostos nesta campanha eleitoral, pelas razões óbvias, a elevação do nosso concelho ao lugar que merece e deveria estar e, consequentemente, melhoria das condições de vida social e económica das nossas gentes. Gentes essas que, através do seu voto, decidiram voltar a apostar no PSD e no José Manuel Vieira. Mas, e como muito bem diz o novo presidente eleito, os eleitos do PS agora vereadores e deputados da Assembleia Municipal, têm um compromisso eleitoral e não podem nem devem esquecer-se que foram também eleitos, por uma minoria é certo, mas essa minoria confiou e votou num programa e num projecto de desenvolvimento para o Bombarral. Claro que as derrotas nos deixam sempre um sabor amargo na boca e muita frustração, mas, mesmo das derrotas se pode e deve retirar algo positivo. O que interessa é não baixar os braços e não desistir, mesmo que seja esse o primeiro impulso, que também é legítimo.
Como sou uma pessoa muito directa e tenho a “mania” de falar o que penso e pensar o que digo, acho que, neste momento, só as palmadinhas nas costas e passar a mão pela cabeça não chegam, e é isso que tem estado a acontecer. Ou seja, não podemos estar a consolarmo-nos uns aos outros pela derrota sofrida, agradecer o apoio, o esforço e o empenho de todos que estiveram presentes na campanha, enaltecer as capacidades, prestígio ou a formação dos diversos candidatos, para o desempenho das diferentes tarefas dos orgãos autárquicos, caso fossem eleitos. Isto é importante, mas não o bastante. Não se pode continuar, eleição atrás de eleição a chorar sobre leite derramado e não ir ao fundo da questão. É urgente compreender o que sucessivamente tem corrido mal, reflectir de forma séria e realista, pois a verdade nua e crua é mesmo esta, há 16 anos que o PSD está na Câmara Municipal e agora, também, em todas as freguesias deste concelho.
No meu desempenho profissional e académico, tenho tido uma grande proximidade com as pessoas, e sei o que falam e pensam das Instituições políticas, dos políticos e da política, o que me dá, apesar de não andar nestas andanças há tantos anos como alguns, algum conhecimento sobre a matéria e alguma capacidade de análise neste assunto. E do meu ponto de vista e já muitas vezes por mim falado, a verdadeira mudança vai ter que começar internamente no partido e com as pessoas que fazem parte da máquina partidária. Uma aposta na verdadeira mudança das mentalidades e na forma de ver e fazer política, de parar de olhar e falar com o próprio umbigo, de menosprezar ideias, modos e visões diferentes do que é e deve ser a política. Esta receita já está mais do que provada que não resulta!
O meu afastamento do PS Bombarral em particular e da política em geral, entre outras coisas, também se deveu ao que acabo de mencionar. Mas estou disponível para dispensar algum tempo da minha vida pessoal, e integrar um grupo do qual façam parte os agora eleitos pelo PS, (vereadores, deputados da AM e das AF) para desenvolver uma “política” de proximidade a sério, como deve ser a desenvolvida nas autarquias locais, pois o nome assim o indica. Se o objectivo é ganhar as próximas eleições, então, juntar um grupo com todos os que integraram as listas para conviver e não perder a ligação, é passo importante; integrar pessoas de outros quadrantes políticos, independentes e de conhecida ou reconhecida qualidade e capacidades profissionais, pessoais, formativas e outras, é igualmente muito importante e foi uma grande mudança, mas, o fundamental, é que esse grupo continue a fazer o que fez durante a campanha, percorrer as aldeias e os casais do nosso concelho durante todo o mandato. Falar e ouvir a população, saber o que precisa ser feito, o que foi feito, fiscalizar “in loco” a acção no novo executivo, ser o elo de ligação e levar para a Câmara e para a Assembleia, as carências e dificuldades das pessoas, recolher ideias, as preocupações, ideias de desenvolvimento ou melhoria de condições de vida, junto do povo do nosso concelho. Enfim, estar perto durante os próximos quatro anos, ser visível, ser preocupado, ser o agente e o instrumento de ligação à autarquia durante todo o mandato e não apenas 15 dias antes das eleições. É isto que tem sido feito pelo PS do Bombarral se quer ser um partido vencedor, pois para os eleitores isto é apenas “caça ao voto”.
Portanto, e para terminar, aquela expressão, dita pelos vencedores destas eleições, de que “ tínhamos perdido as eleições porque os nossos candidatos não costumam frequentar bares e cafés” não é assim tão absurda. No sentido figurativo foi isto mesmo que aconteceu. Além de se ter esquecido e não se ter preservado o grupo de gente - os candidatos, amigos e apoiantes- que tanto trabalhou e se esforçou em 2005 em nome do Partido Socialista, também não frequentámos nem cafés, nem bares, nem coisa nenhuma, simplesmente desaparecemos durante quatro anos e meio e aparecemos um mês antes das eleições, o que ficou provado da forma mais dura, não ser o suficiente.
Em 2005 não ganhámos as eleições, mas estivemos muito perto e o trabalho que se desenvolveu foi muito bom, só que morreu ali mesmo. Voltámos à estaca zero em 2009 e, ao que parece, a cena vai repetir-se, pois além da "choradeira" e da "dor de corno"o que está a ser proposto é voltar á reclusão de grupo, às mesmas ideias pré-históricas e onde, ainda por cima, alguns elementos socialistas, só o são, quando convém ou quando dá jeito!
As vitórias planeiam-se a longo prazo, quer as desportivas quer outras quaisquer e, no que diz respeito a eleições autárquicas, cuja essência e filosofia é diferente de qualquer outra eleição, esse planeamento também tem que ser feito a longo prazo, ainda por cima quando o PSD está enraizado, como todos nós sabemos, no nosso concelho.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

JOGOS OLÍMPICOS DE 2016

O Rio de Janeiro, no Brasil, acaba de ser eleita a cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
É a primeira vez que um país Sul Americano é o anfitrião dos Jogos e, apesar de estarmos a 6 anos de distância, fico feliz com a escolha, mais que não fosse, porque é um país da Lusofonia, onde a língua Portuguesa é falada por mais de 190 milhões de pessoas.
Mas até lá, a próxima edição será em Londres- Inglaterra, em 2012, e é necessário que os nossos atletas sejam apoiados e tenham todas as condições para puderem participar e dignificar, não apenas o nosso desporto e o nosso país, mas principalmente, a essência do que é o desporto. Uma manifestação de alegria, de solidariedade, de amizade, de fraternidadenão, de igualdade , de não descriminação e de Paz entre os povos.
A todos os atletas e participantes apelo, vamos lá treinar, não apenas por boas classificações e prestações desportivas, mas também, para atingir todas estas metas, de longe, as mais importantes para a humanidade.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

NÃO DEIXE QUE OS OUTROS ESCOLHAM POR SI


Desde a Revolução de 25 de Abril de 1974 que todos os cidadãos portugueses adquiriram o direito de escolher, através do seu voto, os seus representantes na governação do nosso país. Esta forma de exercício político do povo é a expressão da liberdade de escolha de cada um de nós e é, também, um instrumento fundamental e essencial para a prossecução do bem comum e individual sendo, por isso mesmo, um dever intransmissível de todos os cidadãos e do Estado Democrático.
Sendo um direito e não um dever, ninguém pode ser penalizado quando decide não exercer esse direito consagrado na nossa Constituição, no entanto, fazer dessa negação uma forma de protesto, como é habitual ouvir-se, contra os políticos, contra o sistema, contra o governo ou seja lá o que for, não creio que seja o meio mais eficaz. E porquê? Porque um não voto, não tem nenhum significado, ou melhor, pode ter vários: o eleitor esteve doente, esteve ausente do país, esteve de férias, ficou a descansar em casa, está desinteressado pela política, não gosta de políticos, etc. Mas nenhum destes motivos é uma forma de protesto contra coisa nenhuma. Nenhum destes motivos é uma escolha por alguma coisa. Nenhum destes motivos é mudar o que quer que seja. Mas é, com toda a certeza, deixar que os outros escolham por nós.
Se votar, seja por ideologia partidária ou por acreditar no trabalho de um qualquer candidato, significa uma escolha em alguém em quem confiamos para nos representar ou em soluções que achamos positivas para a sociedade, para a nossa comunidade ou para o nosso país. E um voto em branco é também um voto útil, e esta frase não é apenas um "slogan" publicitário.
Se votar em branco, também está a escolher e, esse voto, é uma outra forma de escolha ou será uma forma de protesto efectiva contra quem se apresenta a eleições. Ou porque essas pessoas não apresentam as soluções que achamos adequadas; ou porque não explicaram bem as suas ideias durante a campanha e por isso, não ficamos suficiente esclarecidos para fazer uma escolha; ou então porque não acreditamos no sistema político e/ou nos políticos.
Qualquer que seja a razão, o significado de um voto em branco será sempre o resultado de uma escolha, da nossa escolha e não da escolha de alguém.
Estamos a 3 dias das eleições Legislativas, e destas eleições sairão os deputados que nos irão representar na Assembleia da República e, sairá igualmente, o novo governo para os próximos 4 anos. No dia 11 de Outubro serão as eleições Autárquicas, onde se escolherá, também para os próximos 4 anos, os nossos representantes nas autarquias locais, da Câmara Municipal, da Assembleia Municipal e da Juntas de Freguesia. Por isso, pense e vá votar, mesmo que seja em branco. Não deixe que os outros escolham por si.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Os candidatos do Partido Socialista para as Autárquicas do Bombarral

Depois da divulgação pública das listas de candidatos do Partido Socialista para os vários orgãos autárquicos do concelho do Bombarral, só posso congratular-me pela coragem do Jorge Gabriel, em incluir pessoas de vários quadrantes políticos. Isto sim, pode ser uma manifestação de democracia e de política, na verdadeira acepção destas palavras, e poderá ser, acima de tudo, por parte dos candidatos, uma verdadeira manisfestação do querer defender os interesses do nosso concelho, sem os preconceitos e politiquices habituais.
Gostaria muito de acreditar que o que parece é, e que todos os intervenientes, incluindo os militantes e simpatizantes dos vários partidos concorrentes, os eleitores deste concelho e os próprios candidatos, compreendam o alcance deste passo e o seu significado para o nosso concelho. Digo isto, porque há muito que defendo esta posição e sei os comentários que tenho ouvido. Sei também dos preconceitos que existem e do tradicionalismo à volta desta matéria, por parte de uma grande percentagem dos "políticos" incluindo os do Bombarral. Infelizmente, já comecei a ouvir os habituais comentários tradicionais, discriminatórios e preconceituosos, de membros das actuais listas, acerca destas escolhas o que me deixou bastante triste. Tentei e irei sempre explicar, todas as vezes que a oportunidade surja, das vantagens sobre a convergência e a multiplicidade de diferentes ideologias e de que é preciso mudar sobre a forma de fazer e viver a política, para o bem da liberdade, democracia, da igualdade e, acima de tudo, da participação popular, pois sem esta, tudo o resto deixa de existir ou fazer sentido.
Os partidos políticos surgiram com o 25 de Abril de 1974, num contexto por todos conhecido e, considerando esse mesmo contexto, necessários para a sociedade, para a implementação da democracia e para a defesa dos direitos e liberdade das pessoas. Mas, no actual contexto, já se começa a questionar a sua existência. Entre outros motivos invocados, surge o facto de os partidos se terem fechado em si próprios, virados para os seus políticos, os seus militantes e simpatizantes, fechados para a sociedade e para os problemas dessa mesma sociedade e dos seus cidadãos.
Os movimentos de cidadãos têm vindo a ganhar defensores e os partidos políticos só têm a ganhar, se abrirem as suas portas a ideias e a pessoas diferentes. Claro que existem diferenças ideológicas e prioridades diferentes entre partidos, em especial entre partidos ditos de esquerda e os da direita, que são de difícil e até mesmo, impossível convergência. No entanto, e em especial para este tipo de eleições autárquicas, em que o objectivo deve ser a gestão e o interesse do bem comum, trabalhar em conjunto e tendo como ideal este mesmo princípio, torna-se obrigatória uma nova atitude.
Gostei desta nova atitude do Jorge Gabriel, o candidato do partido Socialista à Câmara Muncipal do Bombarral.

As intervenções de Anabela Sá- Cabeça de Lista do PS para a Assembleia Municipal do Bombarral

Já ouvi a Anabela Sá falar, algumas vezes, em grandes mudanças para a Assembleia Municipal, só ainda não percebi que mudanças são essas, infelizmente!
No dia 11 de Setembro no Teatro Eduardo Brazão, voltou novamente a repetir o mesmo discurso abstrato e vago acerca das medidas e das mudanças que pretende introduzir nas Sessões da Assembleia Municipal do Bombarral. Para além de ser sua intenção colocar as novas tecnologias ao serviço da modernização deste orgão que, segundo a candidata, aproximará os cidadãos da autarquia (porque ao levar as reuniões até aos bombarralenses, promove e incentiva intervenção e fiscalização dos cidadãos sobre a acção da autarquia) pouco mais esclarecedora tem sido. Ou seja, o móbil ou o motivo anunciado para aceitar esta candidatura, tem sido apenas este, trazer mudanças ao funcionamento das reuniões da Assembleia Municipal e aproximar os cidadãos destas reuniões. Mas como é que pensa modernizar as reuniões? Será que as suas ideias misteriosas são exequíveis, tanto em termos práticos como financeiros? E já agora, será que ela sabe, quais as funções de um Presidente de Assembleia Municipal? Será que sabe do regimento e da legislação para funcionamento das reuniões da Assembleia Municipal? Será que alguém disse à senhora ou ela já foi averiguar/confirmar se as tais ideias de mudança, se enquadram nesse mesmo regimento e legislação em vigor? ou será que pretende alterar ambas, para que estas se enquadrem nas ditas ideias dela de mudança para a Assembleia Municipal? Será que o PS do Bombarral, ou pelo menos alguns militantes, irão permitir que a candidata, depois de eleita, possa implementar ou sequer expor as suas ideias de mudança? Com tanta vontade de mudança e de trabalhar em prol do Bombarral, como o tem afirmado, é só isto que tem a propor aos bombarralenses?
Ora aqui ficam algumas perguntas para reflexão da candidata e cabeça de lista do PS para a Assembleia Municipal do Bombarral.
Só lhe desejo é sorte para tanto "empreendadorismo", mas, parece-me que existe por ali muita ingenuidade acerca da "trama política", muito desconhecimento e, acima de tudo, muito deslumbramento relativamente ao "cargo".

"Contos Proibidos- Memórias de Um PS Desconhecido" de Rui Mateus




Não li o livro ainda, mas pretendo fazê-lo. Pela nota do autor, parece que se trata de um livro interessante, no sentido em que poderá desnudar mais algumas "façanhas" políticas e de políticos deste país, que nunca será demais denunciar, para que sejamos todos um povo culto e esclarecido.
Segundo consta, o livro não está disponível para venda, por isso, aqui vai o link para quem quizer ler.
http://ferrao.org/documentos/Livro_Contos_Proibidos.pdf

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Teatro Eduardo Brazão - Bombarral

O magnífico Teatro Eduardo Brazão, inaugurado em 27 de Fevereiro de 1921, é, por excelência, o principal espaço cultural do Bombarral. Além da sua beleza arquitectónica interior, cujas características o aproximam do esplendor dos grandes salões de teatro da Europa do século XIX princípio do século XX, também é detentor de uma excelente acústica, muito apreciada pelos utilizadores, os artistas e os espectadores.
Durante toda a sua existência, ali decorreram muitas actividades culturais e artísticas, como teatro, concertos musicais de vários estilos e gostos, cinema , bailes, etc. , dos quais, eu própria usufrui.
O edifício sofreu ao longo dos anos algumas adversidades, tendo a última acontecido já no século XXI, com os famosos fungos - e que deixou o Bombarral e as suas gentes, mais pobres de espectáculos culturais. Mas desde a sua reabertura, em 6 de Dezembro de 2008, a vida cultural voltou àquele espaço, para grande agrado e participação do bombarralenses.
Nas próximas semanas, decorrerão no Teatro alguma iniciativas, de natureza diversa, que animará, decerto, todos os que ali se queiram deslocar e deleitar com o espaço.

Na próxima sexta feira, dia 11 de Setembro pelas 21h30, será a apresentação das listas de candidatos representantes do Partido Socialista á Câmara Municipal, Assembleia Municipal e junta de Freguesia do Bombarral. Os candidatos estarão acompanhados pela Banda JAZZ “Cotas Club Jazz Band”.

Está também a decorrer desde o dia 5 de Setembro o Festival de Teatro, com a
Organização do Agrupamento de Escuteiros 516 Bombarral

Programação

05-09-2009 21H30
Teatro da Rainha"Peepshow nos Alpes", de Markus Köbeli

12-09-2009 21H30 Espectáculo de Danças Sevilhanas e Orientais

20-09-2009 16H00
Teatro Bocage
"A alegre História de Portugal em 90 minutos", de Mauro Toledo

Também no dia 12 a partir das 18h, acontecerá tambem mais uma sessão de “ Conversas no Teatro”, desta vez dedicado ao tema “O chamado Grupo do Bombarral” com a locução do Dr. Luis Raposo. Será lançado o livro “ O concelho do Bombarral- Contributos para a sua história” do nosso amigo Manuel Patuleia.
Portanto, vá até lá .

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A demissão da Manuela Moura Guedes

Ora já cá faltava mais esta!
Em nome da política, tudo pode acontecer, incluindo corrupção, tráfego de influências, empregos para os amigos e familiares ... , o que, infelizmente, nem em Portugal nem em outros países, é situação inédita ou pouco frequente, apesar de condenável. Mas a verdade é que todos o fazem sem pudor, vergonha ou constrangimento, ou melhor, acontece entre muitos militantes, apoiantes, governantes, directores, gestores e outros, de todos os quadrantes políticos. Apontar baterias e o fogo armado, a alguns e em certas circunstâncias, na tentativa de aproveitamento político, como é o caso, não me parece honesto nem correcto e não é mais do que uma demonstração de falta de honestidade, descaramento ou de de um qualquer tipo de ”amnésia” – muito comum - que dá muito jeito, mas que está (deveria estar) abrigada por telhados de vidro. Denunciar o que está mal, com a intenção de fazer justiça ou fazer cumprir a lei, é algo que qualquer cidadão tem o direito e o dever de fazer ou denunciar, mais que não seja, por se tratar de uma causa cívica. Relativamente a certos assuntos, considerando a forma e os “timmings” em que são feitos, fico bastante apreensiva relativamente aos fins.
Sem meter as “mãos no fogo” por ninguém, a verdade é que aparentemente alguém decidiu que o José Sócrates deveria ser alvo a abater. A novela já é longa e de muitos episódios e agora, coincidência das coincidências, uns dias depois de ter vindo a público que o PM não seria implicado nem arguido no caso Freeport, eis que a Manuela Moura Guedes, lá larga outra bomba, que obviamente, arrasta para a explosão, tanto o José Sócrates, como o partido socialista, como o governo, como os mais básicos direitos fundamentais de qualquer país democrático, a liberdade de expressão. Claro que este último, tem dois sentidos, mas parece evidente que só se quer ajuizar um deles e, neste caso específico, apenas o lado do emissor - a jornalista Manuela Moura Guedes.
Como li algures, e com o que concordo plenamente, esta senhora até se pode intitular como jornalista e o seu programa como um programa de informação, mas, do meu ponto de vista, está muito longe de ser ambos. Nem o programa é de divulgação de informação, mas sim, um programa de emissão de opinião, nem ela, a jornalista, é um emissor isento de divulgação de informação, notícias, factos, mas mais uma “opinion maker” do que outra coisa qualquer, nem sequer se poderá intitular como investigadora, já que, para um trabalho ciêntifico, muitos preceitos têm que ser cumpridos, incluindo a divulgação das fontes. Nesta fase, também é importante referir que, apesar de alguma protecção - algumas vezes justificável - das fontes que estão por detrás das “notícias”, a verdade é que muito se pode “informar” ao abrigo de fontes “fantasmas”, ou não é? E onde se encaixam as fugas de informação de processos em segredo de justiça? Isso é crime!
O Jornal de Notícias, por exemplo, escrevia hoje às 10h01 (entre aspas, o que pressupõe uma citação) que - A Prisa negou hoje, sexta-feira, qualquer interferência na polémica decisão tomada pela TVI de suspender o Jornal Nacional de 6ª-feira, insistindo que se tratou de uma decisão da equipa de direcção em Lisboa. Ler... http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Media/Interior.aspx?content_id=1352859
Esta notícia foi divulgada, horas depois de uma outra, da qual transcrevo este parágrafo - Os espanhóis proprietários da Media Capital, detentora da TVI, há uma semana que preparavam este cancelamento, cuja consequência mais visível é o afastamento de Manuela Moura Guedes da antena. Tinham dado instruções para que a promoção ao programa, na qual aparecia José Sócrates, primeiro-ministro, a fazer acusações à TVI, não fosse para o ar. Juan Luís Cébrian, presidente da Prisa, com ligações ao Partido Socialista espanhol, chamou a si esta decisão. Bernardo Bairrão, director-geral da TVI desde a saída de Moniz, ainda terá tentado demover os gestores.“Ler...http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Media/Interior.aspx?content_id=1351841
Agora pergunto, que fontes fidedignas são estas, que ora dizem uma coisa, ora dizem outra. Qual é a credibilidade destas notícias?
Ver este programa da Manuela Moura Guedes, que pode estar a transmitir factos verdadeiros (não é isto que está em causa), é passar quase uma hora a ouvir falar do “governo” e de José Sócrates, de tudo o que este governo faz, mas sempre no negativo; levar entrevistados que dizem igualmente mal dos atrás citados; ouvir falar de assuntos e documentos que deveriam estar em segredo de justiça, mas que são ali citados e transcritos, sem qualquer pudor, ( claro que sem divulgar as fontes ou as fontes “darem a cara”, pois caso assim fosse, no mínimo seriam levados à justiça - TVI e fontes).
Para quem gosta deste tipo de “informação” é um óptimo programa para fazer coscuvilhice. Uns, aproveitam essa coscuvilhice para vender, ou seja, para fazer lucro, outros, aproveitam para tentar vencer eleições, já que nada mais têm que os possa levar a isso. Daí que todos os partidos da oposição neste momento, achem magnífico e estejam a emitir opinião sobre uma situação ainda não comprovada, mas que lhes dá um jeitão, pois surgiu, mais uma vez, no "timming" certo.
Olha que coincidência!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

FLORES DO MEU JARDIM

A Cor nada significa !!!
Um poema feito de flores"
"As flores serão poemas
os poemas serão beijos
os beijos serão palavras
E as palavras serão poemas.
Poemas que escreverei hoje,
Amanhã,
Ontem
E sempre.
Num passado já tarde, mas jamais
esquecido.
Num futuro igual a hoje
Porque hoje há amizade
Porque hoje existe
E hoje será para sempre..."
Amália Lopes

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

AS PALAVRAS

AS PALAVRAS

São como um cristal,
as palavras.
Algumas,um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam;
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta?
Quemas recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade (CORAÇÃO DO DIA)

domingo, 16 de agosto de 2009

Os portugueses nos Mundiais de Berlin-2009

Vera Santos, a marchadora de Rio Maior, classificou-se hoje em 5º lugar nos 20 km marcha em Berlin, com a marca de 1h30'35". Com ela terminaram também a Susana Feitor, na 10ª posição com o tempo de 1h32'42" e a Inês Henriques, que apesar de lesionada, conseguiu terminar em 11º lugar com o tempo de 1h32'51".
A vencedora da prova de marcha feminina foi a Russa Olga KANISKINA com 1h28'09". No sector masculino, o João Vieira consegiu, também, um bom resultado ao classificar-se em 10º com o tempo de 1h21'43.
Já se expectivava uma boa participação das marchadoras portuguesas, considerando os resultados obtidos por estas atletas até ao momento, mas, estes equenos triunfos, enchem-nos sempre de satisfação quando acontecem. Espero que mais este conjunto de bons resultados, sirva também, para que uns e ouros po aí, reflictam sobre o que é e onde deve ficar a marcha no seio do atletismo. Esta modalidade não pode continuar a ser marginalizada da forma como está a ser e, muio menos, "apagada dos evenos desportivos, como é desejo de alguns "intelectuais".
Tal como disse anteriormente, esperam-se boas participaçoes de alguns atletas portugueses e o Rui Silva, uma das esperanças da nossa comitiva, consegiu o apuramento para as meias finais dos 1500 m a realizarem-se dia 17/08. Também o Nelson Évora, no seu primeiro ensaio a 17m 44cm, ficou apurado para a final do triplo salto a realizar-se dia 18/08. A Inês Monteiro, nos 10 000 m, fez o tempo de 30'25"67s, classificando-se em 10º lugar mas sendo a primeira europeia a cruzar a meta. A prova foi ganha pela Keniana Linet MASAI que percorreu a distância em 30'51"43s.
Não poderia deixar de registar aqui também o novo recorde do mundo nos 100 m planos masculinos, o seu autor: o grande Usain BOLT da Jamaica. Este senhor conseguiu percorrer os 100 metros em 9"58 centéssimos, tornando-se o homem mais rápido do planeta até agora.
Foi uma maravilha ver esta prova.
Não há futebol que bata esta emoção...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Abstenção eleitoral (continuação)

Porque se abstêm os eleitores?
Esta é uma das primeiras perguntas que surge, com toda a certeza, na mente de muita gente quando, após um acto eleitoral, se verifica que afinal apenas uma pequena percentagem de cidadãos eleitores decidiram exercer o seu direito de voto. A abstenção tem sido um fenómeno de carácter crescente em Portugal após o 25 de Abril de 1974, no entanto, foi a partir das legislativas de 1999 e das presidenciais de 2001, em que os níveis de abstenção alcançaram valores recorde, que o debate público surgiu trazendo com ele, algumas preocupações e a indispensável interpretação ou explicação para esta manifestação, aparente, de desinteresse popular pelo acto de votar.
Os mais optimistas, poderão pensar que esta atitude será apenas uma demonstração de “confiança da população na capacidade do sistema político para resolver os principais problemas da sociedade em causa” como diz Manuel Vilaverde Cabral, ou que “se os indivíduos não votam, é porque se consideram satisfeitos com o normal funcionamento das instituições e as decisões das elites políticas” como afirma José Manuel Leite Viegas, e que, na sociedade Americana, é justificação para as elevadas taxas de abstenção.
Mas será efectivamente esta a causa? A identificação “política - partidária”, o “envolvimento associativo e atitudes sociais”, o “interesse na política”, a “confiança nas Instituições” ou a “trajectória de vida dos indivíduos” constituem um grupo de algumas dimensões, frequentemente apresentadas, como explicativas do fenómeno. Mas será que elas são também válidas para a explicação do fenómeno da abstenção em Portugal?
A ser assim, a conclusão seria de que quanto maior for o envolvimento dos indivíduos, com valores e atitudes políticas, principalmente a “identificação partidária”, maior é a sua propensão para a participação eleitoral. Outro factor importante a deduzir também, e apontado como justificativo para uma atitude eleitoral participativa por parte do eleitorado, (apesar dos condicionalismos sócio-demográficos) seria a confiança do indivíduo de que, com o seu voto, poderia ter uma influência real sobre a tomada de decisões políticas.
Contrariamente ao acima referido, a não participação eleitoral e abstenção estaria mais associada a factores condicionantes e indicadores de desintegração social como são as variáveis “isolamento”, “ velhice”, “desemprego” e “baixa escolaridade” .
Será que é isto o que nos indicam as estatísticas?
Será que deveremos estudar a abstenção em Portugal usando apenas estas variáveis?
Pessoalmente, creio que não e o chamado "conhecimento de senso comum" indica algo mais também.
(continua)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Thats live!

" A Morte não é a maior perda da vida.
A maior perda da vida é o que morre dentro de nós
enquanto vivemos"

(Normam Cuisins)

Campeonatos do Mundo - Berlim de 15 a 23 Agosto


Tem início no próximo dia 15 de Agosto, em Berlim, os Campeonatos do Mundo em pista ao Ar Livre. Mais uma vez, irão estar reunidos os melhores atletas do mundo e Portugal, marcará presença neste campeonato, com 30 atletas, alguns deles também campeões como é o caso do Nelson Évora e Naíde Gomes. Para além destes dois, que nesta altura são dos atletas portugueses, aqueles que mais mediatização protagonizam, relembramos outros, como o Rui Silva, que irá correr os 1500m, o Francis Obikwelo que irá fazer a estafeta 4x100m, Jéssica Augusto nos 3000m, o João e o Sergio Vieira nos 20 Km marcha, o Antonio Pereira e o Augusto Cardoso nos 50km marcha, a Vera Santos, Inês Henriques e Susana Feitor nos 20 km marcha. Ao todo, a comitiva portuguesa, fará representar-se por 17 atletas masculinos e 13 femeninos, sendo o meio-fundo e fundo, o que conta com o maior número de atletas.
As esperanças recaiem sobre os saltadores, Nelson Évora e a Naíde Gomes, mas, Rui Silva também é um forte candidato nos 1500 m, pois está a atravessar um grande momento de forma.
Gosto muito de atletismo, mas tenho um carinho especial pela marcha, por razões óbvias, por isso, não posso deixar de lembrar que os nossos marchadores também têm grandes possibilidades de conseguir bons resultados neste mundial. Além dos bons resultados que vão obtendo em Portugal e no estrangeiro, é preciso não esquecer que são atletas que já estiveram presentes nos Jogos Olpímpicos, alguns apenas em Pequim, mas outros, como a Susana Feitor, já marcaram presença noutras edições anteriores dos Jogos Olímpicos participação nuns Mundiais e esta será a sua 10ª. Em Pequim 2008, alguns deste atletas, obtiveram resultados excelentes para a marcha portuguesa. O Augusto Cardoso e António Pereira, atletas madores, participaram nos 50 km, tendo o Antonio batido o recorde nacional nesta distância fazendo o trempo de 3h48'12" horas. A Susana Feitor, a nossa maior marchadora de sempre, possui o palmarés que todos nós conhecemos. O João e o Sérgio Vieira, também presentes em Pequim, obtiveram o 32º e 45ª lugar e a Vera Santos obteve o 10º lugar nos 20km, percorrendo esta distância numa 1h28'14".
Não podemos ambicionar ter 30 campeões, mas, cada um é já um campeão pela força, pelo trabalho, pelo empenho, pela determinação e pela abdicação a que se impõem na vida e no seu dia-a-dia, para conseguirem chegar mais longe.
Boa sorte a todos os nossos atletas.


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Ainda não é para todos...

Nunca se falou tanto em acessibilidades e igualdade de oportunidades como actualmente, no entanto, para prejuízo daqueles que seriam efectivamente os beneficiados, parece que é mesmo só falar. E não estou apenas a referir-me às pessoas com deficiência física ou dificuldade de locomoção, estou a pensar em todos os cidadãos que, por necessidade profissional e/ou outras, necessitam deslocar-se ou utilizar os meios de transporte público.
O metropolitano de Lisboa é um bom "mau exemplo" disto. Todos os dias ando de metro e todos os dias penso o mesmo: as pessoas com deficiência física, mães com carrinhos de bébé e simples cidadãos que carregam bagagem, não podem utilizar o metro, porque simplesmente, não existem rampas de acesso às estações do metro. De quando em vez, lá se vê um ou uma aventureira a subir ou a descer escadas com o carrinho e bébé nos braços ou a puxar grandes malas de viagem, mas além de ser raro, é constrangedor para quem vê. É lamentável observar o quanto este pequeno pormenor, limita, não apenas, a acessibilidade, mas também, a igualdade de oportunidade a todos os cidadãos, de utilização de um meio de transporte público e nada foi feito ainda, mais que não fosse para dar cumprimento à lei.
Será que o Decreto-Lei N.º 163/2006 de 8 de Agosto é só para alguns cumprirem? Não existe fiscalização neste país? é porque está à vista de qualquer um e mais público que isto não há.

domingo, 9 de agosto de 2009

"Façam o favor se ser felizes" - Raul Solnado

A "história da guerra" contada por Raul Solnado é uma daquelas memórias de criança que recordo sempre com um grande sorriso. Durante anos, fez parte dos pedidos de muitos ouvintes, do antigo programa de Matos Maia "Quando o telefone toca" emitido pelo Rádio Clube Português e do qual eu era fã incondicional. Lembro-me que esta história passava várias vezes durante a semana e nunca me cansava de a ouvir e, ainda hoje, me faz rir.
Não conheci o Raul Solnado enquanto pessoa, mas segui o seu percurso enquanto actor e apresentador de televisão e só posso dizer que foi um grande senhor nos dois papeis. A imagem que guardo está sempre relacionada com boa disposição, humor e divertimento.
Segundo ouvi, de algumas pessoas que com ele conviviam, o Raul chegou a dizer que gostaria de que, quando morresse, fosse escrito na lápide da sua campa esta frase" Aqui jaz Raul Solnado, mas contrariado!"
Penso que este seria o lema da sua vida.
Até sempre!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Joana Vasconcelos, mais uma campeã portuguesa

Joana Vasconcelos a atleta, não a artista plástica, sagrou-se Campeã Mundial de Juniores nos 500 m em canoagem no último fim de semana, depois de já ter conquistado, este ano em Pozna – Polónia - o título de Campeã Europeia.
Esta atleta, que é até ao momento, a melhor atleta nacional da modalidade, é mais uma a juntar ao grande número de outros atletas portugueses que, defendendo as cores nacionais ou clubes portugueses, têm demonstrado pelo mundo fora, que afinal, o desporto não é só o futebol, e, estas modalidades e os seus praticantes, quer sejam amadores quer sejam “profissionais”, assim o têm demonstrado muito bem.
Sem precedentes no futebol nacional, uma boa parte das modalidades desportivas praticadas e desenvolvidas no nosso país, têm obtido e prestigiado Portugal, com excelentes resultados e muitas alegrias, o que, e comparando com as condições financeiras e de equipamentos, (para não falar de outras) dadas ao futebol e aos seus actores, não são comparáveis, nem no investimento, nem nos resultados, nem sequer no seu essencial, o desporto. Aliás, qualquer outra modalidade é mais representativa daquilo que deve ser o desporto, do que o chamado “ desporto Rei”, que frequentemente nos brinda com cenas de violência, quer entre os adeptos, quer entre os futebolistas, quer entre futebolistas e árbitros, quer entres estes últimos e os adeptos, enfim, cenas mais próximas de batalhas de guerra que outra coisa. Pior que isto, só os elevadíssimos recursos económicos envolvidos na modalidade, que além da de proporcionar e alimentar a corrupção, a extravagancia, a opulência e outros valores pouco nobres, deveriam envergonhar os envolvidos, pois muitos há pelo mundo fora, que nem dinheiro para satisfazer as necessidades básicas como comer e beber, possuem. Parabéns à Joana e a todos os outros atletas de Portugal.

PSD, um partido frio e calculista

Confirmando o disse no post anterior, o PSD é um partido frio e calculista e que não tem qualquer problema em dispensar militantes, autarcas ou seja quem for que lhes barre o caminho ou os seus objectivos. Se se faz isto com os seus, imagine-se o que poderá fazer com os outros!
Tanto é assim que, no momento de crise financeira e económica em que se vive, este partido continua a defender uma política anti-social-neoliberalista- em que o Estado deverá ter uma intervenção mínima em áreas que sempre lhe estiveram reservadas. Ora, este é precisamente o oposto aos princípios da esquerda, que defende o Estado social, um estado mais interventivo em áreas sociais e regulador dos mercados económico e financeiro.
Se recuarmos no tempo, temos um bom exemplo de quão importante é a intervenção do Estado no estado social e económico.
O Big Crash ou a Grande Depressão, ocorrida nos finais dos anos 20 do século XX, impulsionou, na altura, o nascimento de uma nova teoria económica, um novo paradigma que causou furor e grande polémica na época, dividindo o mundo em duas gerações: o antes e o após Keynes.
Esta crise social e económica para a qual as velhas teorias clássicas se mostraram completamente impotentes, afectou não só os Estados Unidos da América, onde se chegou a contar cerca de 13 milhões de desempregados, mas também o resto do mundo, especialmente a Europa. Esta crise foi considerada a maior e a primeira grande crise do capitalismo no século passado, sendo a súbita quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929, o momento visível de uma crise, que já se arrastava desde a 1ª guerra e que só foi possível ultrapassar com a mudança de paradigma da economia.
Um dos aspectos da análise de Keynes, estava relacionado com a ausência de investimento e consequente entesouramento do dinheiro por parte dos capitalistas, quando estes antecipam uma quebra na procura. Esta situação, levou não só ao aumento do desemprego e à intensificação de lutas sociais, mas também, ao decréscimo do consumo ou “ propensão marginal do consumo” . Ele verificou que não eram as alterações dos preços, que mais afectavam o emprego e a produção, mas as alterações nas despesas com consequente redução no rendimento.
Quanto menor for o poder de compra, menos se consome, a produção é obrigada a baixar devido à crise na procura e, portanto, menos os capitalistas investem e mais se acentua o desemprego e assim sucessivamente. Era, por isso, segundo Keynes, necessário manter o equilíbrio entre o crescimento da procura e o aumento da capacidade produtiva da economia, de forma a garantir o pleno emprego.
Keynes defendia, também, que o aperfeiçoamento do sistema capitalista de produção, deveria conjugar tanto o investimento privado como o investimento público , por causa dos problemas do mercado livre, ou seja, à desproporcionalidade existente entre a poupança e o investimento e as expectativas dos investidores. Para ele, era necessário unir o altruísmo social do Estado com os instintos do lucro individual. O Estado deveria, assim, tomar a iniciativa de assumir a procura, ser o elemento fundamental para dar a volta à crise e estagnação instaladas, com despesas de investimento para fins públicos. Ao encomendar grandes obras públicas e estimular determinados projectos privados, o Estado levaria à dinamização do sector privado e, ao empregar gente nessas obras, acabaria por fazer diminuir também, a elevada taxa de desemprego. Desta forma , os mecanismos económicos começariam a girar, levando à saída da crise e a um regime de pleno emprego, pois voltaria a restabelecer-se a confiança no futuro. Esta confiança no futuro seria essencial para que o capitalista voltasse a investir voluntariamente rompendo com o equilíbrio do subemprego
O papel do Estado tornou-se fundamental, embora com alguns custos, como o aumento da inflação e do déficit público, no entanto, este foi um preço muito baixo a pagar para a saída de tão grave crise.
Claro que hoje existem circunstâncias e factores bem diferentes aos de 1929, no entanto, alguns economistas actuais, defendem alguns princípios desta teoria Keynesiana, para resolver esta crise, que está directamente relacionada com a falta de regulamentação dos mercados finaceiros e a diminuição do papel dos Estados em sectores como a saúde e segurança social.
Não é nada disto o que defende o PSD, então é legítmo perguntar: é o PSD e a sua política que vamos querer para os próximos quatro anos?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O PS Bombarral e as autárquicas 2009

É muito corrente ouvir-se que o povo tem boa memória, e essa parece ser a esperança do partido socialista do Bombarral, mas na realidade, não sei se posso concordar com a ideia de que os bombarralenses têm boa memória. Caso assim fosse, não se andava à cerca de duas dezenas de anos a votar PSD. Daí que, ou não se recordam realmente da gestão desastrosa do Albuquerque Álvaro, que já era acompanhado nessa altura por outros indivíduos bem nossos conhecidos e actores da actual Câmara, como é o próprio presidente, cujos efeitos da má governança e gestão andamos todos nós a pagar; ou então, têm memória curta, porque nem quero acreditar numa terceira hipótese, a de que gostaram. Vou, portanto, mais pela memória curta, porque é evidente que perante tudo o vem acontecendo nesta Câmara e com a gestão PSD, que resultou, como se sabe, no endividamento brutal da autarquia, no desleixo total do concelho e dos seus cidadãos e pelo seu desenvolvimento, continuam eleições após eleições a votar no mesmo partido...só posso e quero acreditar que seja mesmo por falta de memória. Mas temos que ser realistas e enfrentar o facto de que o PS do Bombarral, para além da questão da memória, acumulou muitas falhas desde as últimas eleições autárquicas, cujo preço, pode vir a ser pago no próximo mês de Outubro.
E começando pela questão da memória:
Primeiro – O PS foi autarquia há muitos anos, e seguindo esta linha de raciocínio, o povo já esqueceu, à muito, o que foi ter uma Câmara com gestão socialista;
Segundo - Como o PS não está no poder há muitos anos não existe memória e o último pelouro PS foi o que foi.
Terceiro - O actual candidato à Câmara, o Jorge Gabriel Martins, que foi também o último candidato e que esteve muito próximo de vencer, - que desde a noite das eleições e durante os três anos e meio seguintes - sempre disse não voltar a ser candidato; Depois temos aquele que, durante três anos e meio, sempre quis ser candidato, mas que nunca o disse abertamente e quando se apresentou como disponível para tal, já era tarde! Tiram-lhe o tapete e lá foi ele…Ou seja, para todos os efeitos, só se aflorou a problemática do candidato do PS passados três anos e meio.
Temos ainda o abandono do próprio partido socialista e do candidato, para com o concelho e para com todos os que trabalharam e se empenharam na campanha de 2005. Raramente os membros da concelhia do PS - e muito menos o candidato - apareceram em eventos públicos - com excepção para o que queria ser candidato, o Fialho Marcelino e o Bruno Santos - contactaram os cidadãos do concelho ou promoveram o que quer que seja que desse continuidade ao trabalho que foi desenvolvido durante a campanha. De lembrar que desse trabalho, resultou não apenas a conquista de 3 vereadores para a Câmara Municipal e o melhor resultado de sempre do PS, como também, promoveu o envolvimento de muita gente deste concelho na campanha eleitoral e na luta pela vitória do Jorge Gabriel, e que ficou esquecida durante estes últimos três anos e meio.
O sentimento que ficou para muitos daqueles que tanto trabalharam nas últimas eleições autárquicas de 2005, é de que o PS desapareceu e que agora, que precisam de gente novamente para trabalhar, lá vêm bater outra vez à porta.
Mas, para mim, o maior erro do PS Bombarral, foi o não aceitar o pelouro oferecido pelo ainda presidente da Câmara, Luís Duarte (que nem cheguei a saber qual era). Sabemos que este Sr. é “manhoso”, mas, esta circunstância seria agora uma bela arma de arremesso. No meu entender, nem que fosse um pelouro de “limpar casas de banho públicas” seria de aceitar e fazer esse trabalho o melhor e o mais responsável possível e hoje o PS teria trabalho para apresentar aos eleitores. Assim, o que existe é uma mão cheia de nada, nem sequer o pretexto de que, se não foi feito um bom trabalho foi porque a maioria PSD não deu condições para tal. Para uma parte dos eleitores deste concelho, o que ficou em memória é que o PS recusou um pelouro oferecido pelo partido vencedor, ou seja, que recusou trabalhar em prol do concelho. A ideia que está instalada e que ficou retida, (gostaria de estar completamente errada) entre as pessoas, os eleitores deste concelho, é de que o PS é o partido da oposição e que nada ou pouco fez . E, como diz o povo, " é preferível arriscar no que já se conhece, do que no que não se conhece".
Todos nós conhecemos o actual presidente e sabemos que não aceita sugestões do PS, pois vem logo com o argumento de que ele é que é o presidente, ele é que ganhou e ele é que manda; se a oposição não faz sugestões, vem queixar-se na comunicação social, que a oposição, e neste caso o PS, só critica, põe entraves e não faz nada.
Dizem os “experts” da “política”, e eu segundo esses mesmos “experts” não percebo nada de “política”, que quem ganha é que deve governar sozinho, a oposição é só isso mesmo, oposição, o papel da oposição não é dar ideias, não é governar a autarquia. Pois, tudo certo! mas na campanha, fizeram-se promessas aos eleitores, colocaram-se os cidadãos e os interesses do concelho em primeiro lugar, conquistaram-se três vereadores, tantos como os do PSD, e no fim o que é que foi feito para o interesse do nosso concelho ou interesse desses cidadãos, que votaram e acreditaram no PS? O que aconteceu foi o “nim”, pois raramente se teve a coragem de ser favorável a alguma boa proposta para o concelho. Ficou-se pela confortável mas inepta abstenção, que não quer dizer coisa nenhuma, ou melhor, quer dizer que a “ política” se interpõe entre os interesses partidários e os interesses reais das pessoas e do concelho. “Dar a mão à palmatória” não está na agenda política dos partidos, e nesta matéria, como é óbvio, funcionam todos da mesma maneira.
A acrescentar a tudo isto, é notório que o PSD não tem “apelo nem agravo” por nenhum autarca, caso exista a possibilidade de não vencer eleições. Já vimos isso acontecer no passado com o Albuquerque Álvaro, e neste momento, a cena voltou a repetir-se com o Luis Duarte, ou seja, nem sequer correm o risco de poder perder, por isso apresentaram já outro candidato. E o Partido Socialista do Bombarral, não teve visão estratégica, nem para dar continuidade ao bom trabalho iniciado em 2005, nem teve a “humildade” ou visão calculista sobre o futuro, para perceber que para ganhar eleições não chega apresentar um candidato com um bom perfil, ser uma pessoa de bem, ser um bom profissional, um cidadão exemplar, um bom chefe de família, apresentar boas ideias e ter o dom do discurso.
O trabalho a fazer passará, certamente, por falar a verdade, fazer compromissos credíveis e sustentáveis com os eleitores, dar esperança às pessoas, aproxima-las e envolve-las nos projectos da autarquia.
Podem voltar a dizer que este é um discurso ou uma visão naíve da política, mas já está mais do que provado que o modelo utilizado até agora está cheio de falhas e a cada ano que passa, resulta cada vez menos. É isso o que no diz os valores ascendentes da abstenção eleitoral e, por este caminho, não tarda muito e andam só os políticos a votar. Uns nos outros!
Ganhar eleições é um trabalho a médio e longo prazo e, se não se dá continuidade ao que se começa, quando se recomeça … volta-se ao ponto de partida, é como se começasse tudo de novo e o esforço para vencer a batalha terá que ser maior. Caso queiram ganhar realmente as eleições, oiçam os motivos porque os eleitores não gostam dos ”políticos” e da “política”, para enxergar o que andam a fazer de errado.
Existe muita esperança na eleição do Jorge Gabriel e espero, sinceramente, que as gentes deste concelho, se encontrem na pujança máxima da sua memória no momento de votar.
O Bombarral precisa que aconteça a verdadeira mudança.

domingo, 2 de agosto de 2009

... e cá vai mais uma politiquice à portuguesa

Não consigo perceber o porquê desse gastar de tanta tinta e tanto tempo a falar de algo que deveria ser absolutamente normal, convidar alguém para fazer parte de uma lista, mesmo que seja por um partido diferente. Quanto mais pedir a demissão de Paulo Campos. Anda tudo doido ou quê?
Como disse há dias, volto a repetir novamente, a "política" é que estraga tudo, pois se o objectivo fosse a política na sua essência, administrar o bem comum, ninguém acharia tão escandaloso juntar num grupo pessoas de vários quadrantes ou ideologias políticas.
No entanto, do meu ponto de vista, existe aqui assunto para reflexão. Qual foi a intenção da menina Joana Amaral Dias de divulgar um convite, que segundo a própria foi feito por telefone e informalmente, se o declinou? Porquê só veio a público uma semana depois de lançar a “bomba”, para falar sobre o assunto? Várias respostas passaram pela minha cabeça e a primeira delas está inclinada para o espírito bloquista, enraizado na menina. Fazer escândalo e muito barulho à volta de um qualquer assunto, só por puro protagonismo. Uma segunda hipótese passaria pelo dito protagonismo, mas num outro sentido, dar uma"chapada sem mão" ao Sr. Louça. Imaginem, os pontos que esta senhora não acrescentou ao currículo. É que este tipo de guerrazinha política é mesmo a cara do Louçã e do BE e o Louçã dispensou-a. Que chatice!
Mais uma polítiquice da política portuguesa.
À falta de melhor...mais valia irem coser meias.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Festival do Vinho no Bombarral terminou

Terminou no passado domingo, mais uma edição do Festival do Vinho Portugês no Bombarral e, finalmente, parece que o certame mudou de cor e de moldura...para melhor! É que, até agora, todas as edições eram fotocópia a preto e branco da edição anterior. Quem foi à V edição, viu o mesmo na X edição e assim sucessivamente, o que era uma "chatice"!!!
Por coincidência ou não, em 2008 já se terá notado o início desta mudança, quando entraram para a organização do festival dois elementos novos, Sr. Marcos Proença, comerciante do Bombarral e o Sr. Salvador, militante do partido socialista.
Parece por isso evidente, e será uma interessante matéria para reflexão, a eficiência e os benefícios produzidos, não só, com a admissão de novos elementos nas equipas, como também, com o trabalho multidisciplinar - neste caso quase multipartidário- para o bem comum ou da comunidade. Porque quem ganhou foi o concelho do Bombarral, os bombarralenses e todos aqueles que participaram no Festival, os visitantes, os artistas, os expositores, os produtores e comerciantes.
Bem haja a todos. Para o Ano há mais.
Entretanto, entre os dias 5 e 9 de Agosto, irá realizar-se a XIV Feira Nacional da Pera Rocha, que esperamos, tenha o mesmo sucesso.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Nas coisas mais simples reside a grande beleza da vida


... e quem é que fica com saudades?

Ouvi hoje o ex ministro Manuel Pinho dizer que não tem saudades da forma como se faz política em Portugal. A sensação que tenho, é que existem mais a pensar assim, poucos, mas existem, por isso se afastam, são afastados ou, por opção, ficam na sombra.

O cidadão eleitor, se questionado, talvez aproveitasse as duas frases que transcrevo mais abaixo, para expressar também o seu pensamento, já que não têm tempo de antena, nem andam com os jornalistas atrás a questioná-los, como fizeram ao Sr. ex ministro.

"Tudo o que peço aos políticos é que se contentem em mudar o mundo sem começar por mudar a verdade "
Fonte: "De la paille et du grain"
Autor: Paulhan , Jean


"Os políticos não conhecem nem o ódio, nem o amor. São conduzidos pelo interesse e não pelo sentimento "
Fonte: "Letters" Autor: Chesterfield , Philip

Com um intervalo de alguns séculos, o que mudou...

O objecto principal da política é criar a amizade entre membros da cidade
Autor: Aristóteles


A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano
Fonte: "O Livro dos Disparates" Autor: Voltaire

Meditação Sobre os Poderes

Meditação Sobre os Poderes

Rubricavam os decretos, as folhas tristes
sobre a mesa dos seus poderes efémeros.
Queriam ser reis, czares, tantas coisas,
e rodeavam-se de pequenos corvos,
palradores e reverentes, dos que repetem:
és grande, ninguém te iguala, ninguém.
Repartiam entre si os tesouros e as dádivas,
murmurando forjadas confidências,
não amando ninguém, nada respeitando.
Encantavam-se com o eco liquefeito
das suas vozes comandando, decretando.
Banqueteavam-se com a pequenez
de tudo quanto julgavam ser grande,
com os quadros, com o fulgor novo-rico
das vénias e dos protocolos. Vinha a morte
e mostrava-lhes como tudo é fugaz
quando, humanamente, se está de passagem,
corpo em trânsito para lado nenhum.
Acabaram sempre a chorar sobre a miséria
dos seus títulos afundados na terra lamacenta.

José Jorge Letria, in "Quem com Ferro Ama"

sábado, 25 de julho de 2009

As polítiquices da "política"

Tal como a disciplina de voto, que salvo algumas excepções, pode ser muito castradora aos interesses da sociedade, do bem comum, das populações, enfim, dos cidadãos, também nas coligações partidárias, o que está errado é mesmo a "política"! Dito de outra forma, se o interesse real dos candidatos fosse exactamente o que dizem, o melhor para a "terra" para a qual concorrem, seja Lisboa, Freixo de Espada-à-Cinta ou a Saimoca - já nem falo do país - então as questões partidárias, ideologias políticas e partidos, não teriam absolutamente importância nenhuma. O problema é que os partidos estão sempre em primeiro e os discursos vão sempre no mesmo sentido! Vencer, ganhar, rasgar, derrotar os outros partidos da oposição - porque são sempre todos da oposição. Chegou a tal ponto, que muitas vezes, já nem nas campanhas eleitorais, as promessas são colocadas em primeiro plano, mas sim, o dizer mal dos outros candidatos, do que fizeram mal ou do que não fizeram. Vencer, não por mérito próprio, por propostas interessantes, por trabalho realizado, mas sim, por descredibilizar o adversário. Para o vulgar cidadão eleitor, esta imagem da cena política portuguesa e dos seus intervenientes, apenas acrescenta mais descrédito ao descrédito já acumulado.
Os "políticos" e os partidos, ainda não se aperceberam que têm que mudar de paradigma, ou melhor, já mudou o paradigma, e estes nem se aperceberam ainda, tão concentrados que estão no seu umbigo e no seu "mundozinho". Os interesses mudaram, os ideais alteram-se, a sociedade mudou, as necessidades e os objectivos das pessoas e das populações são outros, portanto, a maneira de fazer política e de utilizar os instrumentos políticos, terá obrigatoriamente que mudar também. Esta reflexão que é, para muitos, inconcebível, seria uma mais-valia, caso a preocupação fosse de facto os cidadãos. Se o interesse dos candidatos, fosse realmente o cidadão eleitor. Se o objectivo principal fosse simplesmente o utilizar a política, e com isso, o acesso que esta dá e os instrumentos que esta disponibiliza, para a gestão e administração do bem comum, da sociedade, da comunidade ou colectividade - esta é, aliás, a origem e o objectivo da política, ouvir-se-iam, em primeiro lugar, os cidadãos, pois é a eles que a política deve servir, mais que não fosse, porque são eles que votam. Ou já se esqueceram disso? Caso assim acontecesse, então o objecto, a forma de ver e fazer política seria outro, bem diferente e aquilo a que muitos chamam "política", seria efectivamente política, assim, não é mais do que "politiquice", “tricas políticas” ou coisa pior!
Com a aproximação de eleições, como é agora a situação, tudo o que de mau existe na “política” se evidencia, até no simples acto de formação das listas de candidatos. Os jogos “políticos” vão ao rubro, tal como a corrida aos lugares elegíveis, pois não se pode perder a oportunidade de acrescentar, ao currículo pessoal e profissional mais um título ou progressão na carreira; facultar aos filhos, esposos e amigos a oportunidade de arranjarem um cargo ou emprego melhor; arranjar mais uns trocos para comprar uma vivenda junto ao mar ou passear no estrangeiro, etc. etc.
Cigarras que cantam muito é o que não falta, mas, tal como na história infantil, quem trabalha, quem se esforça, quem trabalha em comunidade e para a comunidade são as formiguitas, a quem ninguém dá valor e que se matam com facilidade.Quando deixa de fazer calor e chega o Inverno, lá estão elas, as cigarras, a bater novamente à porta das formigas…
Mas existem excepções e ainda bem!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

XXVI FESTIVAL DO VINHO PORTUGUÊS- BOMBARRAL




XXVI FESTIVAL DO VINHO PORTUGUÊS



Teve início no dia 18 de Julho de 2009, mais uma edição do Festival do Vinho Português.


Este certame, que já vai na sua 26ª edição, tem como objectivo principal, a divulgação dos vinhos da região Oeste em geral e do Bombarral em particular.


É uma festa do vinho e sobre vinhos, por isso, muitas regiões vitivinículas nacionais estão aqui representadas, sendo possível não só apreciar alguns dos melhores vinhos produzidos em todo o país, participando nas provas de vinhos ou comprando esses vinhos a preços mais baixos, como também, visitar os diversos stands e tasquinhas, onde se pode apreciar boa comida, artesanato, doces e enchidos regionais.


Para além destas propostas, os visitantes podem também assistir, nestes dias, a diversos espectáculos musicais, fazer contactos e negócios ou visitar o nosso concelho, que é detentor de algumas belezas naturais, de lugares e monumentos capazes de proporcionar belos momentos de lazer.


Deixo aqui algumas dicas:


Grutas do Vale do Roto e o Castro da Columbeira; Palácio Gorjão onde está instalado o Museu Municiapl; Aldeia do Carvalhal, onde se pode visitar a Capela da Srª do Socorro ou do Santíssimo Sacramento; Quinta dos Louridos e jardim Buda Eden- Jardim da Paz.


O Festival termina no próximo dia 26, mas em Agosto há mais...

A partir do dia 5 e até ao dia 9 de Agosto, irá realizar-se o
XIV Festival da Pera Rocha.
Não falte e venha visitar o Bombarral.
Vai ver que vai gostar!



quarta-feira, 15 de julho de 2009

Abstenção eleitoral

A liberdade de escolha é um instrumento fundamental e essencial para a prossecução do bem comum e individual sendo, por isso mesmo, um dever intransmissível de todos os cidadãos e do Estado Democrático.
O exercício político do povo, “(...) através do sufrágio universal, igual, directo, secreto e periódico, do referendo e das demais formas previstas na Constituição” ( artº 10º ponto 1 da Constituição) é um direito consagrado a todos os cidadãos portugueses desde a Revolução de 25 de Abril de 1974. No entanto, temos assistido em Portugal e ao longo da ainda pequena história da democracia Portuguesa, a uma queda substancial de negação voluntária deste instrumento democrático. Dito de outra forma, o povo, que depois de 48 anos de ditadura e opressão se revoltou e derrubou o chamado regime fascista, para que lhe fossem restituídos os direitos liberdades e garantias, usurpados por Salazar e Marcelo Caetano durante quase meio século, é o mesmo povo que agora prescinde desse direito, não votando e portanto, não exercendo o tal poder político consagrado na Constituição.
As diferentes eleições Nacionais realizadas desde a Revolução do 25 de Abril, legislativas, autárquicas, presidenciais, referendos e, desde 1987 para o Parlamento Europeu, têm revelado, salvo algumas excepções, uma percentagem cada vez mais elevada quanto à abstenção. Significando portanto, que são cada vez mais aqueles que, no enquadramento legítimo da sua liberdade de escolha, não exercem o seu direito de voto ou de cidadania política. Segundo alguns autores e citando como exemplo Manuel Vilaverde Cabral ”a cidadania política possui uma especificidade que justifica um tratamento sociológico próprio. Com efeito, uma vez adquiridos e enquanto forem respeitados, os direitos humanos - desde a inviolabilidade da pessoa até à igualdade perante a lei, subsumidas nos direitos civis tal como Marshall os concebe - tenderão a ser usufruídos de forma, por assim dizer, passiva, isto é, sem que para isso os seus beneficiários tenham de se mobilizar”. Este autor refere também que no que concerne directamente aos direitos políticos“ - liberdade de expressão e de associação, bem como o direito de eleger e ser eleito- os cidadãos podem usufruir desses direitos constitucionais sem os exercerem plenamente” (Manuel Vilaverde Cabral).
Neste contexto pode-se reconhecer que o ” comportamento eleitoral é fundamentalmente um acto individual, ainda que social, política e institucionalmente enquadrado”(André Freire), ou seja, a decisão de cumprimento ou não, dos eleitores, do exercício do direito de voto ou a decisão de votar num ou noutro partido/coligação, tem consequências para o todo social.
Sendo inegável que o indivíduo é o elemento fundamental do acto eleitoral, torna-se pertinente perceber as razões que estão subjacentes à sua não participação nesse mesmo acto.
Nas últimas eleições autárquica intercalares à Câmara de Lisboa, a abstenção, que era já prevista e anunciada nos discursos de diversos actores políticos – candidatos, partidos políticos, mediadores e média, antevia a maior abstenção de sempre para essas eleições. Os motivos apresentados, centravam-se essencialmente na época estival, em plenas férias de verão, que poderia levar os eleitores a encarar as eleições como secundárias relativamente às férias.
E, tal como era previsível, os eleitores de Lisboa, remeteram-se a uma aparente apatia ou passividade política nas eleições intercalares para a Câmara Municipal e os números abaixo representados, são bem o retracto do que acabo de afirmar.
Segundo dados da CNE, apenas 40,59% dos 524,140 eleitores votaram, isto significa, que a actual Câmara, eleita com 29,49% dos votos, foi também eleita por apenas 56.732 eleitores, ou seja, por uma percentagem de 10,8% da população recenseada.
Perante a evidência dos resultados obtidos nessas eleições pergunta-se: terão sido efectivamente as férias que afastaram os lisboetas do seu direito de participação política?
Deveria ter sido, aliás, deve continuar e é urgente, pensar nisso, já que se aproximam mais dois actos eleitorais importantes, e as perspectivas do quadro se alterar são muito baixas.

sábado, 11 de julho de 2009

Quem enfia o barrete?

"(...)Todos os medíocres são semelhantes e orgulham-se assim dos seus fracassos..."

Alexandre Honrado in A Montanha Russa de Deus

Em nome do desporto

Neste momento estou a assistir à abertura dos Jogos da Lusofonia. Como qualquer bom português, não deixei de me emocionar, principalmente, pelo facto de pensar que existem trezentos e tal milhões de pessoas, que na teoria, partilham a mesma língua. Claro que a história nos ensinou, a faceta mais nobre dos descobrimentos portugueses, e a outra versão, só cada povo a sentirá e contará na sua perspectiva. Mas, se algo de bom sobreviveu a essa odosseia, foi certamente a partilha da língua portuguesa. Se a língua, constitui um dos principais símbolos identitários de uma nação, o português é o símbolo de partilha e união de culturas tão diferentes e tão distantes como são estas 12 nações espalhadas por 4 continentes.
Se à seis séculos, o que nos juntou foram outros valores, nem sempre nobres, que o desporto, seja neste momento, o valor mais alto e mais nobre que nos una novamente.

"Tudo valeu a pena?
Tudo vale a pena se a alma não é pequena"

Fernando Pessoa

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Os tristes episódios da telenovela Assembleia da República

Li à dias, num dos jornais diários, que António José Seguro, do PS, defende a liberdade de voto para os deputados da Assembleia da República, pois a continuar assim, ou seja, se os deputados estão obrigados à disciplina de voto imposta pelos partidos, não seriam necessários mais do que 6 deputados, um por cada partido.
Não poderia estar mais de acordo. De facto, estarem vários deputados a votarem todos no mesmo sentido, ou, estar apenas um, o resultado é absolutamente o mesmo. Para mais, traria algumas vantagens, como por exemplo, uma poupança significativa dos dinheiros públicos e a "poupança" ao povo de Portugal, de continuar a assistir à desvirtualização e decadência da AR, que deveria ser uma das mais importantes Instituições nacionais, construtora e representativa da nossa democracia, pois ela é o segundo orgão de soberania do nosso país.
O porquê deste desabafo? Começando pelo fim, porque ainda ontem, dia 08-07-2009, decorria na AR mais uma reunião plenária, onde estavam a ser discutidas algumas propostas de Lei, entre elas a nº 280/x - Lei dos Portos, ou a 281/x - Lei da Navegação Comercial Marítima e outras, e a sala estava praticamente vazia! Pois é, eu estava lá e vi. Dos 230 deputados eleitos pelos cidadãos, estariam presentes, pelas 17h30, cerca de 70. Exactamente, 70!! e o programa ainda nem ía a meio. Os lugares vazios, de todas as bancadas, nem sequer tinham indícios de o seu ocupante estar ausente apenas para um "coffe brake", pois até os ecrans dos computadores estavam desligados! Alguns dos presentes, estavam lá, de facto, de corpo presente, mas, completamente ausentes do que estava a ser debatido, dito ou comentado pelos oradores. Foi muito triste! Aliás, aquando da actuação infeliz do ex-ministro da economia Manuel Pinho, o que me indignou e que considerei desrespeitoso, não foram os gestos do ministro, mas sim, o facto de o plenário estar quase vazio. As imagens que passavam na televisão, mostravam os lugares vazios, mas ninguém falou nisso, nem a comunicação social. A concentração foi apenas e toda, para os gestos de Manuel Pinho.
Quanto à liberdade de voto, a minha posição não poderia ser mais conivente com a de António José Seguro. Mesmo sendo um ponto de alguma polémica e tenha eu defendido, em muitas situações, a não inclusão de independentes nas listas - justificando uma parte da minha opinião, precisamente na liberdade de voto que, os independentes, possuem relativamente aos militantes dos partidos- a verdade é que os deputados estão ali para defender os interesses dos cidadãos que os elegeram e não os interesses partidários. A separação destes interesses, no meu ponto de vista, daria muito mais espaço à democracia e, talvez quem sabe, ao retorno da confiança dos cidadãos eleitores deste país, nos políticos, na política e nas diversas instituições, nomeadamente, as políticas. Quem sabe, não seria esta uma das formas de combater a abstenção. É que assim, nem os próprios militantes se sentem em liberdade democrática e participativa. Não passam de "carneirinhos" que dizem e fazem o que lhes dizem para fazer. Será que sentem que vivem em democracia? Será que se sentem-se satisfeitos no seu papel de "pau mandado", de "marionetas", de acéfalos? É que o cérebro faz parte da anatomia humana também para dar aos homens a faculdade de pensar, aprender, de ter opinião e dizer não quando é preciso.

domingo, 5 de julho de 2009

Qual é a qualidade da democracia em Portugal?

Por norma, não gosto de movimentos e discursos de carácter femininista, aliás, devo confessar que nem gosto da comemoração do dia da mulher, pelo sentido e valores de diferenciação a eles associados. Por um lado, porque as mulheres não têm que ser mais, nem melhores do que os homens, por outro lado, porque comemorar o dia da mulher é, para mim, o assinalar, o acentuar e aceitar uma desigualdade entre cidadãos.
Enquanto cidadã, a lembrança de como era viver no antigo regime e a revolução do 25 de Abril não é mais do que uma franja na minha infância, sem consequências, sem revoltas. Mas enquanto mulher, a viver num país democrático há 35 anos, a revolução do 25 de Abril tem outros significados, essencialmente, porque o que muitos cidadãos deste país ganharam com ele e com a democracia, o direito à liberdade e à igualdade, muitos outros, a maioria ainda continua a lutar por estes direitos e, entre estes, as mulheres.
Mesmo que a partir de 1974 com a Lei nº 621-A de 15 de Novembro se tenha formalmente abolido as restrições baseadas no sexo e alterado o texto da Constituição da República Portuguesa e, posteriormente, o estatuto social e jurídico da mulher, a verdade é que passados 35 anos, ainda não foi atingida a igualdade plena em termos práticos, com consequências muito graves, não apenas para as mulheres, mas, também para a sociedade em geral. E enganem-se aqueles que estão já a pensar, “lá está ela, mulheres ao poder”, porque esta realidade vai muito para além dessa circunstância, e é isto é que é preciso ser falado e relembrado.
Gostaria de evidenciar algumas assimetrias em domínios chave para a concretização plena da igualdade de género: o trabalho remunerado e os processos de tomada de decisão.
Sendo o trabalho remunerado a principal fonte de recursos que permite, não apenas, a independência e a segurança económica das pessoas, ele é, também, essencial para o desenvolvimento individual, auto-estima e acesso à satisfação das necessidades básicas de sobrevivência, tanto para homens como para mulheres.
Em Portugal, como no resto do mundo, a desproporção entre os rendimentos/salários de homens e mulheres é elevado, muito se devendo ao facto de que as oportunidades de emprego no mercado de trabalho serem inferiores para as mulheres. E isto reflecte-se, principalmente, num maior índice de pobreza entre a população feminina, com repercussões graves no acesso a outros recursos como a saúde, a educação, a bens culturais e de lazer.
Mas esta situação funciona como uma reacção em cadeia e de consequências a médio e a longo prazo. Quando as mulheres entram mais tarde no mercado de trabalho do que os homens; quando, por motivos de maternidade, ficam em casa; quando são despedidas dos seus empregos; quando recebem salários mais baixos. Todas estas condições se vão reflectir na sua carreira contributiva e, inevitavelmente, na sua reforma. A estes factores acrescentamos ainda as dificuldades associadas ao facto das famílias apenas terem disponível um vencimento - porque os modelos de família também estão a mudar e cada vez mais encontramos famílias monoparentais, sendo, na maioria dos casos, as mães que ficam com os filhos e não têm qualquer ajuda financeira do outro progenitor. Esta é uma situação de graves consequências, não apenas para a mulher e mãe, mas também para para os filhos, pois a satisfação das necessidades básicas das crianças, tais como o acesso à educação ou qualificação profissional fica bastante condicionada, reproduzindo na geração mais nova a mesma assimetria sócio-económica de desigualdade de oportunidades versus pobreza.
Em Portugal, a população feminina representa mais de metade dos indivíduos, cerca de 52% e apesar desta maioria, segundo dados do INE do 4º trimestre de 2003, as mulheres apenas ocupavam 32,5% dos cargos superiores das empresas. A taxa de emprego em 2006 era de 62,6% para os homens e 45,1% para as mulheres. A taxa de desemprego era de 8,7% para as mulheres e 6,7% para os homens, subindo em 2007 para valores muito superiores, 9,6% para as mulheres e 7,1 nos homens (dados Eurostat). Segundo algumas fontes, o valor médio dos salários das mulheres é de menos 23% do que do homens, podendo atingir os 27% quando se considera os ganhos médios mensais, que incluem outras componentes do salário de natureza geralmente arbitrária (DETEFP, Quadros de pessoal, 1998).

No que se refere à escolaridade, o panorama não muda muito. São cada vez mais mulheres jovens com o Ensino superior e são, também, em maior número as mulheres mais velhas sem qualquer escolaridade. Neste capítulo, infelizmente os dados são, mais uma vez, desfavoráveis ao sector feminino, pois dos 269 200 com mais de 65 anos, sem nenhuma escolaridade, 153 100 são mulheres.
Desigual é também a partilha do poder na esfera pública entre as mulheres e os homens. Este facto leva, na prática, a que a vida das mulheres seja, em larga medida, condicionada pela aplicação do modelo masculino à organização da sociedade e que conduz ainda ao desperdício de cerca de metade dos recursos disponíveis e à satisfação do interesse geral.
A sociedade portuguesa separa, num modelo horizontal e vertical, a presença relativa de mulheres e de homens, nas diferentes esferas da sociedade, económica, social, política, etc. Isso é bastante visível se olharmos para o conjunto de actividades e profissões, onde ainda se sente uma forte concentração da mão-de-obra feminina. Estas estão frequentemente associadas a actividades que estabelecem uma ampliação profissionalizada das tarefas tradicionalmente desempenhadas pelas mulheres no contexto do espaço doméstico. Dou como exemplo os ramos de actividade que apresentam maiores taxas de feminização: serviços pessoais e domésticos – 98,8%, saúde e acção social – 80,6% e educação – 75,6% (INE, Inquérito ao Emprego, 1998).

Nos cargos políticos a taxa de feminização, segue o mesmo rumo, ou seja, mesmo tendo vindo a aumentar, recorde-se que nas primeiras legislativas após o 25 de Abril, esses valores correspondiam a 4,9%, em 1999 foi de 17%. O XIV governo constitucional, era constituído por 23 ministros, dos quais apenas 3 eram mulheres e dos 43 secretários de estado, 3 eram mulheres. Actualmente temos no governo, 55 membros, incluindo o 1º ministro. Destes 16 são ministros sendo apenas 2 do sexo feminino e 37 secretários de estado, onde apenas 4 são mulheres.

No Bombarral, o concelho onde resido, tinha registados em 2001, uma população de 13 324 indivíduos, e desses, 51% eram mulheres. Do total, 5350 constituíam a população activa, apenas 1975 eram mulheres. Dos 443 desempregados, 324 (73%) eram mulheres. À procura de um novo emprego estavam 360 indivíduos e, mais uma vez, a maioria eram mulheres, 266. Dos 1886 núcleos familiares com filhos, 285 eram de mães com filhos.

Quanto à escolaridade, uma grande maioria de mulheres não possui qualquer grau de escolaridade. Num total de 875 cidadãos, 492 são do género feminino.

O número de mulheres a ocupar cargos/posições políticos, é totalmente irrisório. Existe uma senhora que é presidente da Assembleia Municipal, quatro deputadas na Assembleia Municipal, uma presidente Junta na freguesia da Roliça e pouco mais, num universo de várias dezenas de eleitos do género masculino.

A mensagem que quero deixar é: que façamos um apelo à reflexão e mudança de mentalidades, pois não estamos apenas a desperdiçar recursos como estamos, também, a produzir e a reproduzir uma sociedade cada vez mais empobrecida e discriminatória. Os valores da democracia e os direitos inscritos na Constituição Portuguesa, não estão a chegar a todos os cidadãos da mesma forma como seria justo e espectável, ou seja, independentemente das capacidades físicas, intelectuais, qualificações ou sexo de cada um.

E esta continua a ser a luta de alguns, 35 anos depois…

Qual é, afinal, a qualidade da democracia em Portugal?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sophia de Mello Breyner Andresen- 2 Junho 2004/2009

Cinco anos após a sua morte, Sophia de Mello Breyner Andresen, continua a ser recordada, não apenas como poetisa e escritora mas também como uma mulher que lutou pela liberdade, pela justiça e pela democracia em Portugal.
A Câmara Municipal de Lisboa homenageou Sophia de Mello Breyner Andresen e presenteou Lisboa com o seu busto e uma placa toponínica com o nome da autora. Quem visitar o miradouro da Graça, sabe que está num dos locais preferidos de Sophia.
Recordando um pequeno poema, aqui deixo a minha homenagem.

A Forma Justa

Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino —
Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco

E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"