Li à dias, num dos jornais diários, que António José Seguro, do PS, defende a liberdade de voto para os deputados da Assembleia da República, pois a continuar assim, ou seja, se os deputados estão obrigados à disciplina de voto imposta pelos partidos, não seriam necessários mais do que 6 deputados, um por cada partido.
Não poderia estar mais de acordo. De facto, estarem vários deputados a votarem todos no mesmo sentido, ou, estar apenas um, o resultado é absolutamente o mesmo. Para mais, traria algumas vantagens, como por exemplo, uma poupança significativa dos dinheiros públicos e a "poupança" ao povo de Portugal, de continuar a assistir à desvirtualização e decadência da AR, que deveria ser uma das mais importantes Instituições nacionais, construtora e representativa da nossa democracia, pois ela é o segundo orgão de soberania do nosso país.
O porquê deste desabafo? Começando pelo fim, porque ainda ontem, dia 08-07-2009, decorria na AR mais uma reunião plenária, onde estavam a ser discutidas algumas propostas de Lei, entre elas a nº 280/x - Lei dos Portos, ou a 281/x - Lei da Navegação Comercial Marítima e outras, e a sala estava praticamente vazia! Pois é, eu estava lá e vi. Dos 230 deputados eleitos pelos cidadãos, estariam presentes, pelas 17h30, cerca de 70. Exactamente, 70!! e o programa ainda nem ía a meio. Os lugares vazios, de todas as bancadas, nem sequer tinham indícios de o seu ocupante estar ausente apenas para um "coffe brake", pois até os ecrans dos computadores estavam desligados! Alguns dos presentes, estavam lá, de facto, de corpo presente, mas, completamente ausentes do que estava a ser debatido, dito ou comentado pelos oradores. Foi muito triste! Aliás, aquando da actuação infeliz do ex-ministro da economia Manuel Pinho, o que me indignou e que considerei desrespeitoso, não foram os gestos do ministro, mas sim, o facto de o plenário estar quase vazio. As imagens que passavam na televisão, mostravam os lugares vazios, mas ninguém falou nisso, nem a comunicação social. A concentração foi apenas e toda, para os gestos de Manuel Pinho.
Quanto à liberdade de voto, a minha posição não poderia ser mais conivente com a de António José Seguro. Mesmo sendo um ponto de alguma polémica e tenha eu defendido, em muitas situações, a não inclusão de independentes nas listas - justificando uma parte da minha opinião, precisamente na liberdade de voto que, os independentes, possuem relativamente aos militantes dos partidos- a verdade é que os deputados estão ali para defender os interesses dos cidadãos que os elegeram e não os interesses partidários. A separação destes interesses, no meu ponto de vista, daria muito mais espaço à democracia e, talvez quem sabe, ao retorno da confiança dos cidadãos eleitores deste país, nos políticos, na política e nas diversas instituições, nomeadamente, as políticas. Quem sabe, não seria esta uma das formas de combater a abstenção. É que assim, nem os próprios militantes se sentem em liberdade democrática e participativa. Não passam de "carneirinhos" que dizem e fazem o que lhes dizem para fazer. Será que sentem que vivem em democracia? Será que se sentem-se satisfeitos no seu papel de "pau mandado", de "marionetas", de acéfalos? É que o cérebro faz parte da anatomia humana também para dar aos homens a faculdade de pensar, aprender, de ter opinião e dizer não quando é preciso.
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