domingo, 20 de junho de 2010

Saudade

A saudade é
estando longe, sentir vontade de voar; e
estando perto, querer parar o tempo.

"Luiz Gonzaga Pinheiro"

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago

Em 30-06-2009 escrevi sobre José Saramago neste blog e hoje, o dia da sua morte, não posso deixar de o recordar mais uma vez pois, para mim, ele é um dos melhores autores em língua portuguesa que já li.
Tal como acontece com quase todos aqueles que morrem, é depois da sua morte que são exaltadas todas as qualidades e milagrosamente "esquecidas" as outras, as menos boas. Já se começou a verificar isto relativamente a José Saramago. Hoje, na comunicação social portuguesa, aquela a que tive acesso, já vi e ouvi muitos comentários, notas informativas, pequenas passagens de reportagem, algumas com vários anos, relembrando a obra e pormenores da vida do autor, o que é normal nestas situações. Mas o que me incomodou, enquanto leitora, foi ouvir a nota de condolências, enviada por Cavaco Silva, o Sr. Presidente da República Portuguesa, à família de Saramago. Par-a-par foi noticiado o motivo pelo qual Saramago "desertou" para a Ilha de Lanzarote em Espanha em 1991, a nota de condolências do Sr.Presidente e as afirmações proferidas por Sousa Lara, o antigo subsecretário de estado da cultura no mandato de Cavaco Silva, enquanto primeiro ministro. Foi por estes e outros senhores e pela sua "afectada" moral, que José Saramago, foi impedido de concorrer com o seu livro, "O Evangelho segundo Jesus Cristo", a uma prémio Europeu de Literatura. Para um leitor, ler uma boa obra de um autor não faz qualquer diferença se ela foi ou não premiada, mas para o próprio autor e para a sua carreira, prestígio e reconhecimento público, faz toda a diferença!
Portanto, tudo o que estes senhores falem agora, soa a falso e a hipocrisia. As pessoas, sejam elas quem for, têm que ser reconhecidas, premiadas, prestigiadas, amadas, enquanto estão neste mundo, vivas!!! Depois disso...pouco mais interessa.
Saramago enriqueceu a vida cultural e literária de Portugal e da língua portuguesa que agora, com a sua morte, ficou efectvamente mais pobre.


Realizou-se no dia 25 de Junho, no Tiara Park Atlantic Hotel, a apresentação do mais recente livro de José Saramago “O Caderno”. Este livro, não é mais do que a compilação dos textos escritos, durante 6 meses, por Saramago no seu blog http://blog.josesaramago.org/ .
Em resposta a uma jornalista presente, sobre se fazia sentido publicar em livro e, consequentemente, cobrar por algo que estava disponível gratuitamente no blog, Saramago respondeu que fazia todo o sentido sim, porque, além de já te terem esgotado duas edições até ao momento, existem pessoas que preferem ter o livro em casa, na estante, ao lado de outros livros do autor. Pilar, a sua mulher, acrescentou também, que todo o dinheiro proveniente da venda do livro se destinava à fundação José Saramago.
Foram cerca de duas horas bem dispostas, em que o autor falou acerca do blog, ironizou sobre “isto de ser bloguista”, de alguns temas da actualidade, respondeu a perguntas chegadas via internet outras colocadas directamente pelas pessoas presentes na sala.
Sem surpresa, consolidei a minha opinião sobre este autor e não mudo nem uma palavra do escrevi um dia acerca dele a propósito do livro “O Memorial do Convento” (…) sem hipocrisia, mas com ironia, humor, uma pitada de amor e imaginação, existe alguém escreve o que pensa e pensa o que escreve. (…)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

No teu Poema

No teu poema
existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira, um céu aberto,
janela debruçada para a vida.
No teu poema existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo.
Existe a noite,
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Agonia
e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um cantochão alentejano,
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera de futuro.

José Luis Tinoco

sexta-feira, 26 de março de 2010

As desigualdades de género (continuação)

Se por um lado as mulheres começam a ter um papel mais activo em áreas reservadas ao homem, por outro lado, será fácil de deduzir que o homem terá que ter um papel mais activo em funções que estavam reservadas à mulher. No entanto, se essa é a conclusão implícita, na prática, segundo o estudo do INE de 2002, verifica-se que “Considerando os valores obtidos no Inquérito à Fecundidade e Família (IFF) (para a amostra total de mulheres e homens), existem papéis que continuam a ser associados a apenas um dos sexos. São principalmente as mulheres que se ocupam das tarefas domésticas, dos cuidados com os filhos e dedicam mais tempo à família. Por oposição, os homens surgem como os que na família mais tempo dedicam ao trabalho profissional e mais contribuem para as despesas domésticas.”
Se aprofundar - mos um pouco mais a análise constatamos, ainda que as tarefas relacionadas com a preparação de refeições, cuidados com a casa e roupa ou as compras, estão ainda profundamente associadas às mulheres. Todavia os valores registam uma acentuada diminuição no que diz respeito à preparação de refeições, mantendo-se elevados para as tarefas de limpeza da casa e uma menor disparidade em relação a quem faz as compras, uma vez que, grande parte dos homens assume cada vez mais essa função.
A partilha de tarefas relacionadas com os cuidados à família (como por exemplo acompanhar a vida escolar dos filhos, levar os filhos à natação, brincar com os filhos, levá-los ao teatro, a concertos e levar os filhos ao médico) é, por seu turno, cada vez maior, se comparadas com a partilha de tarefas domésticas.
Apesar de maior partilha de actividades entre homens e mulheres, ainda se verifica que a mulher está mais ligada a tarefas com que sempre foram identificadas. A atestar o atrás exposto está o maior número de horas que as mulheres despendem no conjunto das tarefas domésticas e a profissão, pois segundo estudos recentemente divulgados, no conjunto entre o trabalho doméstico e o profissional, as mulheres trabalham em média mais duas horas por dia.
Os diversos estudos desenvolvidos até final dos anos noventa, revelavam uma maior partilha de tarefas entre os elementos do casal e uma maior abertura da sociedade a tarefas que tradicionalmente estavam reservadas aos homens. Porém, a homogeneização das tarefas e actividade profissional entre o homem e a mulher têm vindo a provocar alterações nos modos de vida e na estrutura familiar. Por exemplo, a menor disponibilidade por parte da mulher para cuidar da casa e do agregado familiar leva a que os casais optem por ter menos filhos, por tê-los cada vez mais tarde e, cada vez mais, a necessitar do apoio de outros familiares para ajudar, como os pais. O problema é que actualmente, se começa a verificar que muitos dos pais - mãe e pai- dos novos casais, ainda estão na vida profissional activa, o que acrescenta outro tipo de problemas e com repercursões (ainda não totalmente previstas) não apenas ao nível da família mas, também, sociais e que não se prendem exactamente com alterações de mentalidade, estruta familiar ou valores, mas sim, com questões de igualdade de oportunidades por um lado e, por outro lado, com a própria regeneração da população.
(continua)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Apenas Ame...

Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba.
Não ame pela admiração, pois um dia se decepciona...
Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação.

Madre Teresa de Calcutá

domingo, 21 de março de 2010

Hoje é o Dia da Poesia

Conquista

Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'

Hoje é o Dia da Poesia

As Mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre

sábado, 20 de março de 2010

As desigualdades de género (continuação)

Continuando o tema da crónica anterior e no que diz respeito ao tipo de família, segundo os dados dos Censos de 1991 e 2001, verifica-se que a maioria, são famílias clássicas (99,9%), ou seja, englobam indivíduos que residem no mesmo alojamento e que têm relações de parentesco entre si, ocupando a totalidade ou parte do alojamento, incluindo a pessoa independente que ocupa uma parte ou a totalidade de uma unidade de alojamento, e que estão distribuídas uniformemente pelo país. Quanto à estrutura familiar, constata-se que em 1991 as famílias compostas por apenas um indivíduo são as menos significativas, enquanto que em 2001, são as compostas por cinco ou mais indivíduos que ocupam esse lugar, sendo a maioria das famílias constituídas, em todas as regiões, por duas pessoas, ou seja, as famílias tendem a ficar mais pequenas.
Outro dado importante é o que se refere ao representante da família. Neste aspecto, embora tenha vindo a diminuir a diferença entre homens e mulheres nos últimos tempos, o homem tem uma posição de maior relevo, isto porque é o principal sustento da família, sendo que, a faixa etária com mais representantes da família é a dos 40 aos 44 anos. Em relação aos rendimentos constata-se que durante a década de 90, a maioria dos trabalhadores por conta de outrem a receber o ordenado mínimo são mulheres, tendo sempre valores iguais ou superiores a 50% ao total da população masculina e feminina. As remunerações médias também são geralmente mais baixas no sector feminino, excepto em áreas da Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória, em que o valor médio recebido pelas mulheres era de 176,1 milhares de escudos e pelos homens de 145,6 milhares de escudos.
Ainda referente a dados dos anos 90, as famílias com filhos são a maioria (60%) e a média de filhos por casal é de dois filhos. Convém salientar que devido à dificuldade de conciliação entre tarefas domésticas e vida profissional, as mulheres tendem a ter filhos cada vez mais tarde.
Posto isto e segundo alguns inquéritos nacionais e europeus mais recentes sobre factores como o trabalho, amigos e conhecidos, religião e família, temos que reconhecer que apesar das alterações nos comportamentos, a família ainda tem um importante valor na sociedade portuguesa.
(continua)

sexta-feira, 19 de março de 2010

As desigualdades de género

Nas últimas décadas, principalmente depois de 1974, muitas alterações têm vindo a ocorrer na sociedade portuguesa, quer na vida social e familiar, quer nos comportamentos ou na actividade profissional dos indivíduos. Muitas destas alterações estão intrinsecamente ligadas ao surgimento de novos conceitos de mulher e cidadão, dado que a condição feminina e o seu novo papel na sociedade e na vida pública, ganharam uma nova dimensão, principalmente porque ela passou a ter acesso ao mercado de trabalho, ao ensino e a cargos públicos, anteriormente apenas reservados aos homens. Com a lei nº 621-A/74 que abole todas as restrições baseadas no sexo e com a alteração do texto constitucional no que respeita às tarefas fundamentais do Estado e o princípio da igualdade, marca-se de forma definitiva essa mudança. Até então, a mulher tinha uma existência diminuída, sem autonomia e com estatuto social e jurídico diferenciado e desvantajoso, a vários níveis, relativamente ao homem. A mulher era vista como um ser com capacidades diminuídas e como propriedade do marido, não tendo qualquer autonomia, nem mesmo financeira, já que era o marido o administrador dos bens do casal e era também a ele que cabia o papel de sustentar a família. A mulher limitava-se ao seu papel de esposa, mãe e dona de casa.
Com a entrada massiva da mulher no mercado de trabalho, o aumento gradual do nível de estudos no sexo feminino e o desenvolvimento dos métodos contraceptivos, a mulher tem vindo a conseguir uma maior autonomia, passando a desempenhar também papéis que antes estavam reservados aos homens. Segundo dados retirados do estudo do Instituto Nacional de Estatística, Mulheres e Homens em Portugal nos Anos 90, publicado em 2002, na década de 90 assiste-se a uma alteração na relação do número de licenciados entre os dois sexos. Se em 1992 a percentagem de mulheres licenciadas era de 3,7% e 4,6% para os homens, no ano de 1999 tinha-mos 6,1 % das mulheres e 4,9% dos homens com o ensino superior e em 2006, havia por cada 189 mulheres com ensino superior por cada 100 homens.
No início dos anos 90, mais de um terço das mulheres portuguesas deixou de estar ligada apenas às supracitadas categorias. Em 1995, cerca de 42,6% da população activa eram mulheres e mais de 50% eram mulheres casadas, que exerciam uma profissão. Segundo dados do INE relativamente ao 1º trimestre de 2006, a população empregada em Portugal atingia neste período os valores de 5126,9 (milhares de indivíduos), correspondendo a uma taxa de actividade da população de 62,2%. A taxa de actividade das mulheres em idade activa atingia os 55,9%.
Devido a estas alterações, tanto os modelos de família, como as obrigações familiares e do Estado, foram-se desenvolvendo de forma a adaptar-se a essas transformações sociais e económicas. Juntamente com estas verificam-se igualmente alterações nas práticas familiares e conjugais que revelam algumas atitudes, que alguns designam de “mais modernistas”, como o aumento dos casamentos civis em detrimento dos religiosos e aumento das uniões de facto ou a baixa na natalidade e de nascimentos tardios.
Estas alterações sociais têm levado, igualmente, a uma crescente importância das questões de género, nomeadamente, a repartição das tarefas domésticas, que tem sofrido um esbatimento devido ao papel que a mulher tem assumido na família e na sociedade. Estas alterações, especialmente as que se relacionam com a situação de trabalho, obrigam a mulher a despender mais tempo fora de casa com a consequente alteração dos hábitos tradicionais, que associam a mulher às tarefas domésticas incluindo o cuidar dos filhos. Segundo dados do INE, por exemplo, as taxas de actividade para a população activa, tem crescido nas mulheres, registando o valor mínimo de (40,9%) em 1992, e o valor máximo em 1999 (44,2%), enquanto nos homens se tem mantido homogénea por volta dos (57%).
Outra alteração verificada prende-se com as diversas iniciativas legislativas na área laboral, como a recente Lei da Parentalidade (DL-91/2009), no sentido de adaptar a vida profissional à vida familiar e pessoal dos indivíduos, tal como o reconhecimento do direito à maternidade e paternidade como valores sociais, artºs 59º e 68º da Constituição da República Portuguesa. Mas, infelizmente o que se observa é que não existe uma correspondência real entre as práticas, os valores e a Lei.
(continua)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Eva Vital a mais jovem campeã nacional dos 60 metros barreiras



Aqui mesmo ao lado, no concelho de Caldas da Rainha, tenho assistido com bastante agrado, ao surgimento de jovens atletas, que se têm vindo a destacar no atletismo e não me estou apenas a referir ao nível regional ou mesmo distrital, mas sim, ao mais alto nível nacional.
Sem querer de alguma forma desmerecer todos os outros jovens atletas, quero deixar aqui uma referência especial à Eva Vital, uma jovem de 17 anos que já possui um palmarés invejável e que é a actual Campeã Nacional dos 60 metros barreiras.
Esta atleta junior participou no Campeonato Nacional Absoluto em Pista Coberta, realizado na nave desportiva de Espinho nos dias 27 e 28 de Fevereiro de 2010, sagrou-se campeã Nacional nos 60 metros barreiras com o tempo de 8,44 segundos. No campeonato Nacional de Juniores, que decorreu no Pavilhão Expocentro de Pombal a 13 e 14 de Fevereiro, ela conseguiu a marca de 8,37 segundos (record nacional de Juniores) nos 60 metros barreiras, depois de no ano anterior ter conseguido também a melhor marca dos 60 metros planos dos últimos vinte anos, (7,57 segundos). A Eva é a actual detentora do record nacional de juvenis e juniores nos 100 metros barreiras, 13,66 segundos, conseguido também o ano passado no Campeonato Europeu de Atletismo por Equipas realizado em Leira, quando tinha 16 anos e representava ainda o Arneirense.
Palavras para quê. Os meus parabéns.

Dia Internacional da Mulher

Apesar de não gostar da existência de um dia “Internacional da Mulher” e da Lei da Paridade - que de paridade nada tem - porque são, do meu ponto de vista apenas a expressão da descriminação que ainda existe, não posso deixar de concordar que, pelo menos neste dia, se traz a público a vergonha dos números, das diferenças, da descriminação de que todas nós, mulheres, ainda somos alvo.
A todas a Mulheres eu dedico este post, e a todos os homens também, incluindo aqueles que ainda fazem e pensam a mulher como um ser inferior, mesmo sabendo que sem elas, eles nem sequer teriam nascido!!!
Ser Mulher

Ser mulher
É ser esposa e companheira
Amante terna e fagueira
Que o amor sabe entender

Ser mulher
É ser mãe e conselheira
Dedicada de alma inteira
A que devota o seu ser.

Ser mulher
É ser do lar timoneira
Na doença a enfermeira
É dar mais que receber

Ser mulher
É ser fonte d'existência
Que cala a voz da ciência
A força de ser mulher...

Ser mulher não é somente
A figura e a fulgência
É muito mais transcendente
Do que essa mera aparência.

Ser mulher é ter coragem
De pôr fim à injustiça
Dessa humilhante imagem
Que outrora a fez submissa.

Ser mulher é dizer não
Ao abuso e violência
À vil discriminação
E à austera prepotência.

Ser mulher é procurar
O direito à igualdade
E sem tabus comungar
Tudo com justa equidade

Ser mulher é esse alguém
Avó, neta, irmã ou filha
Devotada esposa e mãe
Que o seu amor compartilha.

Ser mulher é sim lutar
Para ser compreendida
E sem medo conquistar
Os seus direitos na vida !...

Euclides Cavaco

quarta-feira, 3 de março de 2010

O Poder dos Mass Media (continuação

Começo esta última crónica sobre o Poder dos Mass Media pegando nesta frase de Pierre Bourdieu o “ universo do jornalismo é um campo, que está sob a coação do campo económico por intermédio dos níveis de audiência. E este campo muito heterogéneo, muito fortemente submetido às coações comerciais, excede ele próprio uma coação sobre todos os outros campos, enquanto estrutura”. Enganem-se aqueles que consideram que é apenas o jornalismo independente e isento, que está em decadência, pois também o jornalismo e o jornalista profissional perdeu a autonomia em relação aos empregadores, estando, por isso dependente do mercado e de pressões comerciais para trabalhar. Como diz Boaventura Sousa Santos “Este tipo de jornalismo está hoje ameaçado por um tipo alternativo: o jornalista proletário, privado de opinião própria, sujeito como qualquer trabalhador a receber ordens, quer para escrever, quer para eliminar conteúdos. É uma transformação violenta que, para ser combatida com eficácia, precisa ser vista, não como um ataque aos jornalistas, mas como um ataque à democracia”.
O jornalismo profissional, surgiu como forma de garantir a credibilidade da informação, demarcando-a dos interesses dos proprietários públicos ou privados dos media. Apesar dessa determinação inicial, tem-se vindo a constatar que influência política nos media, é amplamente determinada pelos jornalistas profissionais e pela sua interacção com e das elites políticas. Pois estas elites, a partir do momento em que têm acesso desigual aos símbolos económicos e simbólicos, utilizam essa mais-valia como uma ferramenta para exposição dos seus interesses, agindo como se fosse no interesse de todos,e ganhando desta forma, não apenas o consenso popular para as políticas, arranjos sociais e ideias a seu favor como, também, o apoio (mesmo que forçado) dos jornalistas, dados os interesses profissionais, pessoais e económicos associados. De acordo com James Curran “o seu domínio pode originar a marginalização de outras perspectivas, fazendo com que os media definam o debate público em função das posições elitistas.”
Do meu ponto de vista, a comunicação social, tal como os jornalistas, têm responsabilidades sociais que não podem estar cativas de outros critérios senão os dos princípios éticos e deontológicos da profissão, correndo o risco de a legitimidade do processo de comunicação – produção e divulgação da informação - não respeitar os princípios de liberdade, objectividade e pluralismo, convenientes numa sociedade efectivamente democrática. Não praticando e não respeitando as suas obrigações perante o público, impedindo a participação esclarecida e a interacção racional entre os diversos actores do campo mediático, a comunicação social não cumpre os princípios fundamentais da democracia. Tal como afirmou Boaventura Sousa Santos numa artigo da revista Visão de 25 de Novembro de 2004, os media que deviam ter “uma função de vigilância em relação aos detentores de poder político, económico e social, dando a informação que torne possível o controlo democrático (…) e fornecer informação credível e um expectro amplo de opiniões sobre questões importantes para o desenvolvimento da cidadania”, acabam, assim, por comprometer esse papel em função dos seus próprios de interesses económicos e ideológicos por três motivos que me parecem por demais evidentes. Primeiro, porque a sua independência do poder político nem sempre acontece e, com regularidade, programas de televisão, jornalismo de investigação e o agendamento ou escolha dos temas de debate, são uma forma de responder a iniciativas dos políticos ou dos governos; segundo, porque estando também economicamente dependentes do sector privado, nem sempre estão isentos, das influências políticas ou ideológicas daqueles de que financeiramente dependem; terceiro, porque estando os media fortemente dominados pela lógica da rentabilidade financeira, o entendimento de grande parte dos administradores dos meios de comunicação, apenas vê as notícias e outros programas, como produtos para vender.
Como parece claro, e recorrendo à ideia deixada por Manuel Castells, a lógica de acção dos média, não favorece uma maior inclusão ou participação dos cidadãos no debate político, no desenvolvimento da cidadania activa ou uma sociedade cada vez mais participada pelo cidadão, funcionando em muitas circunstâncias como “gatekeepers” (porteiros) nos fluxos de informação, moldando a opinião pública e criando uma realidade, conveniente, tanto para si próprios como também para quem tem o poder económico e político.
Os media são actualmente, o meio de comunicação que converte o espaço público, não só, num espaço de comunicação mas, também, num espaço de interacção, de mobilização e de conflito, continuando, infelizmente, a ser uma ferramenta pouco utilizada para a participação civil nas determinações ora dos governos ora das empresas ora de outros centros de decisão.

FASCINAÇÃO

Os sonhos mais lindos sonhei
De quimeras mil um castelo ergui
E no teu olhar
Tonto de emoção
Com sofreguidão
Mil venturas previ
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino cheio de esplendor
Teu sorriso prende, inebria, entontece
És fascinação, amor

Elis Regina

As Novas Tecnologias


segunda-feira, 1 de março de 2010

Todas as Cartas de Amor são Ridículas

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos

A misteriosa baixa da pivot do Jornal de Sexta

Não pude deixar de partilhar esta pequena crónica

Do blog http://bussola.blogs.sapo.pt/131812.html

Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2010

Mesmo correndo o risco de me chamarem vaidoso, devo declarar que sou um cliente de sonho para a Segurança Social. Em 2010 estou a comemorar 30 anos consecutivos de contribuições e continuo no activo. Só estive de baixa uma única vez, quando se revelou que não era apenas no sentido figurado que o meu coração era fraco. E nunca recorri ao subsídio de desemprego, nem ao Rendimento Social de Inserção (RSI). Sou um contribuinte líquido. Estou para o sistema como a Alemanha para a União Europeia.
Infelizmente nem todos são como eu. Há gente tão preguiçosa que, se pudesse, até evitava adormecia só para se poupar ao trabalho de acordar no dia seguinte. Os malandros que usam e abusam da baixa, apesar de estarem de saúde, vivem com a mão metida na carteira de pessoas como eu, ameaçam a sustentabilidade do Sistema de Segurança Social e contribuem, na medida das suas possibilidades, para que as contas públicas fiquem em pior estado que o chapéu de um trolha.
Felizmente, a Segurança Social é um dos sectores em que a coisa pública tem sido gerida com elevadíssimos níveis de eficácia, ao ponto de apresentar sucessivamente excedentes que compensam a quebra das receitas fiscais. Em 2009, o desempenho foi tão bom que o Governo poupou 85,6 milhões na atribuição das prestações sociais, dos quais 16,4 milhões no subsídio de doença, 7,9 milhões no RSI e 60,9 milhões no subsídio de desemprego – uma redução que até me deixa com a boca aberta de espanto, pois trata-se do ano em que o desemprego atingiu os dois dígitos.
A Segurança Social está atenta e vigilante. Aproximadamente 75% das pessoas que estão de baixa há mais de um mês são presentes a uma Junta Médica, que manda cerca de 1/3 delas de volta para o trabalho. E mais de 20 mil acções de fiscalização domiciliária são realizadas anualmente para reduzir o número de pessoas que recebem subsídio indevidamente.
À luz desta implacável vigilância, a baixa da antiga apresentadora do Jornal de Sexta da TVI, que dura há mais de cinco meses (muita acima da média, que é de 7,2 dias) é um enorme mistério para mim, que adoptei na juventude fiz a divisa preferida de Karl Marx: de omnibus dubitandum (deve duvidar-se de tudo). Como ela anda para aí a fazer a vida normal, em festas e inaugurações, se desdobra em declarações e até se constitui assistente no processo Face oculta, só há duas hipóteses. Ou não está a ser fiscalizada, como todos os outros “baixistas”, o que é grave. Ou então é mesmo verdade que não anda mesmo bem da cabeça e por isso o melhor é não ligarmos muito às coisas que ela faz e diz.

Jorge Fiel
Esta crónica foi hoje (dia 25-02-2010) publicada no Diário de Notícias

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O poder dos "Mass Media" (continuação)

A televisão é, sem dúvida, o meio de comunicação mais popular, o mais abrangente e aquele que produz efeitos imediatos junto do público. Isto acontece, não apenas porque a televisão reproduz de forma mais rápida a actualidade informativa mas, também, porque diminiu o tempo de reação, dado que as mensagens transmitidas são mais curtas e a imagem tem, como dizem alguns críticos literários, um efeito de real, de poder fazer ver e fazer crer no que se faz. Segundo escrevia Pierre Bourdieu, “esta potencialidade e vocação tem efeitos de mobilização”.
Ora, sendo a imagem, a mensagem mediática mais poderosa é, por isso, aproveitada também como forma de dar visibilidade aos governantes e líderes políticos. Ao expressar-se através da televisão, o político consegue alcançar um vasto público e sendo este diverso, do ponto de vista sociocultural, a mensagem política tem que ser construída de forma a chegar e ser interpretada por todos. Uma das formas de alcançar todo esse público é através do empobrecimento do discurso, da repetição da mensagem e do recurso a vocabulário repetitivo. Outra forma é a recorrência aos mesmos critérios de marketing ou a produção da política espectáculo, que permite unir a imagem ao discurso, despertando nos receptores, determinados sentimentos, como o de intimidade ou de estar a assistir a um espectáculo, que acabam por desviar, esse mesmo público, da reflexão sobre os problemas políticos e sociais. Ora, esta forma de actuação, não apenas limita o esclarecimento dos factos mas tem também, como consequência, a descontextualização dos problemas e o encobrimento de algumas dificuldades organizacionais.
Então diria que carácter populista da televisão ou do jornalismo popular que, aparentemente, pretende ser uma forma de ligar ao processo democrático as pessoas pouco interessadas nas questões públicas e interesses políticos, parece, no entanto, implicar diferentes compreensões sobre o que é a democracia, dando origem a divergentes pontos de vista acerca do que afinal a democracia exige dos media ou da comunicação social. Este tipo de jornalismo, que se caracteriza pela personalização, simplificação e focagem na acção faz das notícias histórias acessíveis e envolventes. Ou seja, faz-se uma cobertura das notícias altamente selectiva, porque as pessoas não têm grande interesse nos problemas públicos, oferecendo-se notícias curtas e histórias breves para distrair ou que façam disparar o alarme para algo que requeira a atenção pública imediata. Coloco a dúvida se a falta de interesse deste público é a causa ou o resultado deste tipo de jornalismo.
No meu entender, sendo a televivão e a imprensa escrita um espaço privilegiado para o debate de ideias, para a pluralidade e a verdade na informação, deveria estabelecer-se, conjuntamente, para os media, prioridades na concretização da democracia e da cidadania. Não apenas, para cumprimento do seu papel, enquanto instrumento de esclarecimento do cidadão e o reflexo da multiplicidade social nos vários domínios, como, para fazer do pluralismo o verdadeiro factor de enriquecimento das possibilidades de formação, informação e de um conjunto de escolhas independentes colocadas ao dispor do público.
Daí que, como forma de enriquecimento da democracia, os media deveriam transmitir na integra as notícias sobre os diferentes acontecimentos e eventos importantes, num contexto cujo significado pudesse identificar causas, consequências e implicações para que, os cidadãos, fossem devidamente informados. Mas esta é, infelizmente, uma situação que está dependente do estabelecimento de prioridades, de agendas, escolha de determinados temas, da lógica concorrencial e carácter populista dos programas televisivos, que põe os grande media a falar sobre os mesmos assuntos e apenas a verdade que interessa. (ainda continua)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Dia Europeu da Vítima de Crime - 22-02-2010



“Violência é um comportamento que causa dano a outra pessoa, ser vivo ou objecto. Nega-se autonomia, integridade física ou psicológica e mesmo a vida de outro. É o uso excessivo de força, além do necessário ou esperado.”
Esta é uma das muitas definições do conceito "violência" e que podemos encontrar em dicionários e enciclopédias, mas nenhuma das palavras nelas escritas expressa, efectivamente, a brutalidade do seu significado e das suas consequências.
Existem muitas tipologias de violência e todas elas me chocam, no entanto, a violência física e psicológica, que é habitualmente dirigida àqueles que menos possibilidades têm de se defender, os idosos, as mulheres e as crianças, choca-me e envergonha-me especialmente. Este tipo de violência continua a ser aquela que ainda tem a “face mais oculta” na sociedade, pois muitas vítimas sofrem em silêncio e sós, sentem uma culpa que não têm e carregam em si o peso de preconceitos e valores sociais que ainda legitimam este crime.
As imagens falam por si…

domingo, 21 de fevereiro de 2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Crónica de um País asfixiado...de democratas

O conflito entre governo e comunicação social, tornou-se o centro de todas as atenções, preocupações, discussões, debates, e opiniões e, o país, um palco do “acho que”, onde todos são abonadores da moral pública e juízes nacionais, com principal incidência para a imprensa. Mas, se a imagem dos políticos e da política se tem vindo a degradar desde o 25 de Abril de 1974, o que temos vindo a assistir na praça pública, nos últimos meses, não apenas aprofunda essa imagem como afasta, cada vez mais, os cidadãos deste país de uma postura de cidadania activa e de interesse pela actividade política. Para os distraídos, relembro que estamos a braços com graves problemas económico-sociais que afectam o dia-à-dia de milhares de famílias portuguesas, o tecido produtivo-económico nacional, a sustentabilidade económica do nosso país e a credibilade de Portugal no contexto Internacional.
Tornou-se “normal” ouvir e ler-se, nos diferentes meios de comunicaçao social, que em Portugal se está viver uma “asfixia democrática”, que não existe “liberdade de expressão” e que o governo, na pessoa do primeiro ministro de Portugal, está empenhado, não apenas na aniquilação de um direito constitucional do nosso Estado Democrático como, pior, está a desenvolver um plano de destruição do Estado de Direito.
Se são apontadas ao governo, membros do governo e outros, irregularidades de governação e, se os políticos são apontados por corromperem valores da Democracia e do Estado de Direito, contribuíndo, desta forma, para o conflito que temos vindo a assitir, a verdade é que a comunicação social não fica isenta de culpas. Os jornalistas e imprensa jornalística, que se arrogam como juízes deste Estado de Direito e que vivem do sensionalismo criado à custa de crimes, como a divulgação de processos judiciais sigilosos, que citam fontes anónimas e do “diz que disse” como base de sustenção da divulgação das suas notícias, não estão só a devassar o governo, pessoas e políticos como estão, igualmente, a desmoralizar o nosso país, precisamente porque usufruem do direito de liberdade de expressão.
Agora imagine-se o primeiro ministro de Portugal a insultar os jornalistas da forma como o Dr. Alberto João Jardim o faz publicamente, ou então, como escreve Luis Calisto (Director do Diário de Notícias da Madeira) o governo da República, em vez de “querer já tivesse comprado a TVI, alimentando-a com dinheiros públicos e proibindo a estação de divulgar a opinião de políticos não PS, reservando toda a antena para quem obedece ao regime rosa , tal como Jardim faz aqui com o Jornal da Madeira, dispensando-se de guardanapo? Ou se Sócrates suportasse financeiramente um qualquer Jornal Nacional como o faz o Governo Regional, que além de financiar o Jornal da Madeira é também o único que recebe toda a publicidade institucional e é onde o Dr. Jardim tem uma coluna de opinião várias vezes por semana?”
Onde estão, então, os defensores da liberdade de expressão na Madeira? Não me lembro de ouvir uma frase ou ver escrita uma linha de nenhum ilustre defensor do Estado de Direito, a indiganada oposição e jornalistas do continente, sobre a “asfixia democrática” na Madeira. Indo mais longe na imaginação e seguindo a linha das opiniões e indiganação dos partidos da oposição e de certos jornalistas sobre os acontecimentos aqui no continente, diria que a Madeira estaria neste momento a viver um outro 25 de Abril, no mínimo!
Na minha opinião, o aproveitamento deste conflito, por parte da oposição, evocando o superior interesse dos cidadãos, e do país, se não fosse uma demonstração degradante e triste da actual amoralidade política, até seria uma piada de sucesso garantido para um qualquer talk show nacional. É que, no momento de grave crise económica, em que o governo está obrigado a produzir um Orçamento de Estado de conteção de despesa e a apresentar à União Europeia um programa de Estabelidade e Crescimento credível, com o objectivo de não levar Portugal à “banca rota”, assistimos incrédulos a esta coisa estraordinária: os partidos à esquerda e à direita do governo, minoritário, coligam-se, indo contra as suas bases ideológicas, e obrigam, esse mesmo governo, a reduzir a receita e a aumentar a despesa.
Mais impressionantre ainda é ouvir o Dr. Alberto João Jardim apelar a essa mesma coligação. Imagine-se um governo de coligação entre Manuela Ferreira Leite, Paulo Portas, Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa.
É de risos!!! Os Gato Fedorento não fariam melhor.
Entretanto os portugueses vão assistindo, diáriamente e desconfortávelmente, a um desfilar de acusações, de desmentidos, de julgamentos públicos, de vitimizados, de acusadores e de juízes. Um “lavar de roupa suja” que apenas tem vindo a revelar a premiscuidade instalada entre os difentes poderes e entre estes e as Instituições do Estado. Um espectáculo deprimente em que os protagonistas (aqueles em quem devíamos confiar para velar, actuar e defender os princípios da democracia) mais não têm conseguido do que aprofundar a describilidade, a confusão, o desalento e a desconfiança e, o pior, o total desmonoramento do nosso Estado Democrático.
Senhores políticos, Portugal precisa ser governado pois os problemas da vida real continuam à espera. Haja alguém se lembre!!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O Poder dos Mass Media (continuação)

Será que as condições de recepção das mensagens estão preenchidas para a concretização da democracia?
Os “mass media” têm sido os maiores impulsionadores do consumo, que através de campanhas publicitárias, atraem a população, transformando, segundo Boaventura Sousa Santos, a “publicidade num factor decisivo de rentabilidade”, de segmentação de mercado e, portanto, de promoção da competição e segundo alguns observadores, responsáveis pela fragmentação da sociedade. Esta competição, entre empresas por mais clientes e entre os media pelo aumento da audiência, funcionam um em função do outro, com o mesmo fim e dentro da mesma lógica de mercado, o lucro. Os primeiros, porque usam este poderoso meio para chegar aos potenciais clientes, seduzindo-os para o consumo; os segundos, porque maior audiência significa mais receita e maior poder económico. Resultando daqui, entre outras coisas, a perda de autonomia e o fim, ou, pelo menos a limitação, da pluralidade de escolha, tanto para os media como para os cidadãos. A partir do momento em que surge a televisão, que ocupou quase todo o espaço público dos media, o seu poder de influência, tem vindo a atrair a si, empresas e outras organizações que ambicionam fazer chegar a sua mensagem a um maior número de pessoas possível. Daí que os media, com principal incidência para a televisão, tenham vindo a ser, também, o meio privilegiado de divulgação da actividade e acontecimentos políticos.
Até meados do Séc. XX o poder dos meios de comunicação vinha do seu papel de “fairless watchdogs”, vigiando o exercício do poder, protegendo o público das injustiças e dos erros e dando a este, a informação necessária que lhe permitisse o controlo democrático. Além desta e, como afirma James Curran, uma outra função lhes era atribuída, a de providenciarem uma plataforma, de debate aberto, facilitadora da formação da opinião pública para o desenvolvimento da cidadania. Ainda segundo este autor, a concepção de que os media são a voz do povo, porque permite a ligação entre Instituições do Estado, partidos políticos, sociedade civil e cidadãos, é fundamentada na possibilidade, dada pelos meios de comunicação, de interacção entre emissor e receptor, no processo de comunicação, tornando possível a existência de uma democracia participativa e de cidadania, portanto, de interesse público.
Presentemente e tal como no sector económico, são os grandes grupos do sistema media, onde a televisão aparece novamente em posição privilegiada, que são o palco de exposição da “propaganda” promovida pela classe política. Nas sociedades modernas actuais, a política depende directamente dos meios de comunicação, sendo uma grande parte das agendas e as decisões políticas, produzidos para os media, com a intenção da obtenção do apoio dos cidadãos ou abrandar porventura, alguma oposição relativamente às decisões tomadas. Os media são um centro de poder, porque têm autoridade de agendar o que vão transmitir, quando, quem, que temas, que acontecimentos, etc., só que, essa agenda está cativa dos políticos e dos jornalistas dos grandes meios de comunicação, significando, portanto, que a liberdade da comunicação, não se traduz, assim, numa liberdade de escolha dos “mass media”, nem na liberdade de escolha dos cidadãos, porque ambos recebem o que lhes é transmitido. O que chega à esfera pública, é uma parte da actualidade política e social, aquela que serve os interesses de alguns, que se restringe a uma selecção prévia dos temas, a contextualização ou o “timming”, promovidos ora pelos mass media, ora pelos jornalistas, ora pelos políticos.
O objectivo continua a ser o mesmo, o poder de cativar audiências e influenciar a opinião pública, mesmo que se recolham sob a capa da democracia informativa, na promoção da opinião esclarecida e participativa dos cidadãos. Como diz Manuel Castells no texto Comunicação, poder e contra-poder “As relações de poder, são relações que constituem a fundação de todas as sociedades, assim como o processo que desafia cada vez mais as relações institucionalizadas do poder progressivamente formado e decidido no campo da comunicação”
A capacidade de influenciar as mentes humanas é, assim, uma forma de exercício de poder, que como já foi referido, é protagonizado pelo poder económico, pelo poder político e pelos meios de comunicação, sendo este último, também um canal de ligação entre os primeiros e os cidadãos. Numa perspectiva simplista sobre o papel dos media no processo democrático, apenas o Estado liberal é tido como uma fonte de opressão e ameaça mas, na opinião de James Curran, o Estado, ao estar sob um forte controlo legislativo e vigilância por parte de organizações não governamentais, das oposições governamentais ou outros meios, deixa o caminho livre a outras fontes de poder, menos expostas à crítica e atenção pública. (continua)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O Poder dos "Mass Media"

A história do homem é a história da comunicação, pois esta tem sido, ao longo de toda existência humana, uma questão essencial para a vida em sociedade, marcando presença em todas as áreas da nossa actividade. O homem é um ser que vive em comunidade e esta particularidade, faz com que o ser humano se preocupe com a comunicação e com os “meios de comunicação”. À medida que o homem comunica entre si, não só descobre o mundo, como descobre o “outro”, vai criando códigos próprios para comunicar, para explicar, conhecer, compreender e informar. A comunicação está, assim, intrinsecamente ligada à informação e vise versa, pois para existir comunicação tem que, obrigatoriamente, existir conteúdo, sendo a informação que se troca e como se troca, uma condicionante à relação e ao sentido da comunicação.
Estamos a falar de uma variável muito importante, cuja influência se fez e continua a fazer sentir profundamente, e talvez cada vez mais, na evolução das sociedades. Mas a comunicação não é apenas uma variável isolada, ela é, sobretudo, a parte mais importante de um processo, pelo qual os indivíduos se relacionam e transferem informação, uma forma de alimentar relações, de partilhar emoções e sentimentos, com níveis de significados diferentes, sendo por esta razão, aproveitada como fonte de poder sobre os outros, de dominação e mudança social.
Com o desenvolvimento tecnológico, novas técnicas e tecnologias foram integradas na comunicação e na informação, conferindo-lhes um outro poder, o de alcançar cada vez mais indivíduos e poder participar e interferir nas suas actividades. A intensificação e divulgação da informação feita através dos meios electrónicos, como a televisão ou a internet, permitiram, não apenas uma aproximação espacial e temporal entre indivíduos, ao conhecimento de novas realidades, a uma homogeneização de comportamentos, mas também, a um outro tipo de organização social, à diminuição do contacto interpessoal e à influência ao consumo. O ser humano passou a servir-se de destas ferramentas que o auxiliam no processo de produção de comunicação, para o envio e recepção de mensagens, passando de uma comunicação de pequena escala, entre a sua comunidade, para uma comunicação mais alargada e de grande escala a comunicação de “massas”, a “comunicação social” ou “mass media”. Segundo Dominique Wolton, a comunicação, sendo um dos símbolos da modernidade, tem duas funções distintas, a normativa e a funcional. A primeira, porque torna comum o que é comum, facilitando a partilha e a “troca intersubjectiva”; a segunda, porque se tornou numa necessidade de comunicação das economias e das sociedades abertas para a troca de bens e serviços e para fins económicos, financeiros e administrativos e, eu acrescentaria também, para fins políticos.
A partir do momento em que os media ocuparam todo o espaço público, as empresas e outras organizações, são atraídas por estes meios, porque querem fazer chegar a sua mensagem a um maior número de pessoas possível. Segundo Bourdieu “A televisão, que pretende ser um instrumento de registo, torna-se instrumento de criação da realidade.”
As capacidades e potencialidades dos media, não são, portanto, autónomas do peso de algumas estruturas da sociedade. O reconhecimento desta realidade, evidência o poder de influência dos meios de comunicação ao serviço dos interesses de quem manda, a classe económica e a classe política, tornando-se num veículo transmissor de uma cultura e de uma ideologia mediáticas de massas correspondentes a esses interesses, moldando e alterando hábitos, valores e culturas dos indivíduos.
E se a democracia é um regime político que respeita, garante e promove os “direitos e liberdades fundamentais dos indivíduos, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa” , entre eles a liberdade de expressão e informação, os media, tornaram-se um centro de poder institucionalizado, um meio de vigilância e forças de produção, conforme diz Casttells “the support for the social production of meaning” e representação das opiniões públicas, que nada tem de democrático. Este tipo de democracia, impede os cidadãos ao acesso e à liberdade de escolha entre as diversas opções e a alternativas possíveis, limitando-os apenas àquelas que lhe são apresentadas e, claro, estas representam os interesses e os ideais de apenas alguns.
De uma forma sintetizada, podemos dizer que, a centralidade dos “mass media” na sociedade moderna se revela em três aspectos diferentes. Por um lado, enquanto instrumentos de poder e exercício do poder, de dominação ideológica ou conquista de visibilidade, são alvo de variados condicionalismos, expectativas e pressões vindos das estruturas económicas, sociais e políticas dominantes; por outro lado, pelo poder que exercem sobre os comportamentos, as atitudes e valores dos indivíduos, em particular, e da sociedade, em geral; por último, pela conquista que têm vindo a ter, na vida das pessoas, ocupando um espaço cada vez maior, substituindo-se a outras formas de relação e participação social. Como diz Bourdieu, a televisão exerce “ uma forma particularmente perniciosa de violência simbólica (…) que se exerce com a cumplicidade tácita dos que a sofrem e também, muitas vezes, dos que a exercem na medida em que uns e outros estão inconscientes do facto de a exercerem ou de a sofrerem”
(continua)

O Sorriso

Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.

Eugénio de Andrade

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

domingo, 14 de fevereiro de 2010

... no dia de S. Valentim

“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.”

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Humberto Delgado - o General Sem Medo


Faz amanhã, dia 13 de Fevereiro, 45 anos que Humberto Delgado foi morto pela PIDE em Espanha. Foi na localidade espanhola de Villanueva del Fresno.
Este militar, que era um repúbicano convicto, colaborou no golpe de estado de 28 de Maio de 1926 e apoiou durante vários anos o regime salazarista, mas acabou por ser, também, um dos seus principais opositores.
Os seus valores de liberdade, justiça social e progresso conduziram este homem a uma tomada de consciência de que o regime político que ajudou a implementar, a didatura, não se tinha tornado numa verdadeira república, mas sim, num regime cada vez mais repressivo sonegando ao povo, liberdades fundamentais e mergulhando, esse mesmo povo, num profundo empobrecimento.
Depois de alguns anos a viver nos Estados Unidos da América e incentivado por alguns opositores de Salazar, acabou por aceitar candidatar-se à Presidência da República em 1958. Durante a campanha eleitoral e em resposta a um jornalista sobre qual a sua tomada de posição relativamente a Salazar, repondeu – “Obviamente, demito-o”. Esta frase e toda a coragem demonstrada durante essa campanha levaram a cognomina-lo de General Sem Medo.
Acabou por perder as eleições para Américo Tomás e, dada a sua oposição ao regime e a Salazar, acabou por pedir asilo político à Embaixada do Brasil e mais tarde, acabou mesmo por pedir exílio. Em 1962 lidera um golpe de estado contra o quartel de Beja, mas que correu mal.
Indo ao engodo de um encontro com opositores do regime salazarista, dirigiu-seà localidade fornteiriça de Villanueva del Fresno em Espanha, onde foi assassinado por um grupo da PIDE liderado por Rosa Casaco.
Só depois do 25 de Abril de 1974 os autores do crime foram levados a tribunal.
Os restos mortais do General Sem Medo jazem no Panteão Nacional.

Cabecinhas pensadoras...

Está instalado em Portugal um clima político-económico, que eu diria ser no mínimo “estranho” e, cujas consequências sociais e outras, a curto, médio e longo prazo, estão ainda, muito longe de determinar ou antever.
Como se isto não fosse, já por si, motivo mais do que suficiente para preocupações ou pelo menos, gerador de alguma reflexão e contenção de posturas de alguns indivíduos/personalidades que exercem funções em áreas fundamentais da sociedade, vejo, com perplexidade juntarem-se à “festa” os autarcas deste concelho onde vivo. Não é que seja inédito acontecerem “coisas estranhas” nesta autarquia, mas, quando se pensa que já se viu de tudo, eis que surge algo ainda mais surpreendente. Desta vez, imagine-se, os edis camarários, ou seja, presidente e vereadores que formam o executivo camarário e representam os dois partidos eleitos, o PSD e o PS, andam em luta por causa de uma proposta: a de conceder aos funcionários da autarquia, dispensa do serviço no dia de aniversário, ou, se por motivos de força maior não seja possível a dispensa no dia, usufruir de um outro dia à escolha do próprio aniversariante.
O Partirdo Socialista, tirou esta ideia da cartola (que para mim não é mais do que uma deplorável caça ao voto) e apresentou uma proposta, que tornou logo pública, vindo a mesma na ordem de trabalhos para discussão na Sessão de Câmara do dia 8-02-2010. O Partido Social Democrata, deve ter considerado uma boa ideia e, vai daí, vota contra a proposta do PS comunicando, aos presentes, que vai apresentar, na próxima Sessão, uma outra proposta, em quase tudo idêntica, mas com uma variante, só terão direito à folga os funcionários que tiverem determinada avaliação.
Claro que não vou opinar acerca da avaliação de desempenho e dos seus efeitos perversos, pois esta matéria já é, por si só, mais do que suficiente para longos debates, divergência de opiniões, motivadoras de muitas polémicas, frustações e outros efeitos psicológicos nos trabalhadores e muito mais…
Mas apetece-me perguntar o seguinte, a uns e a outros, será que a concelho no seu todo, os comerciantes, os agricultores, as crianças, jovens, mulheres, idosos, empregados e desempregados, enfim, todos os cidadãos destre concelho não lograrão, por parte destes senhores, de outras preocupações e outras prioridades muito mais urgentes? Será que as finanças da autarquia estão assim tão boas ou os recursos humanos suficientes que, num periodo de conteção financeira que é mais do que uma prioridade, se possa ter o luxo de dispensar funcinários, pagar horas extraordinárias aos outros que ficam a substituir os primeiros, pior, que se obrigue os que ficam a fazer essas horas em vez de estarem com as suas próprias famílias?
Pelo que me dá a perceber, foi lançada a confusão. O resultado final desta polémica, a continuar, é imprevisível, mas era totalmente escusada se os intervenientes tivessem um nadinha de bom senso e usassem de uma faculdade, que no reino animal e vegetal apenas o ser humano está habilitado a fazer, que é pensar/raciocinar. Não existirá uma outra proficiência mais útil a dar a tanta "energia" e vontade de trabalhar dos nossos eleitos?
Resta, portanto e já que o mal está feito, mostrarem algum sentido de responsabilidade e reconhecimento da asneira cometida, ou, teremos no nosso concelho mais uma politiquice de quintal, totalmente dispensável.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Fernando Pessoa

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios
incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

ATLETISMO NO BOMBARRAL


O Bombarral, apesar de ter o seu nome associado, desde há muito, a modalidades desportivas como o ciclismo e o futebol, nos últimos anos tem vido também a ter grande destaque noutras modalidades como a ginástica, lutas amadoras, o xadrez, o futsal, artes marciais, etc. e nesse campo, acabou por criar algumas infra-estruturas ou condições/espaços mais ou menos adaptados para a prática dessas modalidades. Relativamente ao atletismo, apesar de alguns habitantes deste concelho se terem destacado, fazem-no individualmente ou integrados em grupos os associações desportivas oriundas de outros concelhos, porque não encontram aqui, no nosso concelho, nenhuma estrutura associativa nesta área desportiva, nem o apoio técnico ou incentivo que uma organização pode disponibilizar para a prática do atletismo (seja para si ou para os seus filhos) e claro, espaços físicos adaptados a certas especialidades como o lançamento de peso, martelo, dardo, salto em comprimento, salto em altura, salto com vara ou velocidade.
No sentido de tentar colmatar o vazio existente nesta vertente desportiva, foi criada a Secção de Atletismo da Associação dos Bombeiros Voluntários do Bombarral que, através de um grupo de amantes do desporto em geral e do atletismo em particular, vai desenvolver a partir de 2010, diversas actividades e iniciativas desportivas, dirigidas não só para a vertente lúdica e de lazer de crianças, jovens e adultos de todas as idades e de todo o concelho, de forma planeada e regular, como, também, uma vertente de “procura de novos talentos” nas diversas especialidades do atletismo e respectiva iniciação, treino e participação em competições desportivas.
Para além das actividades programadas para o ano de 2010 e, sendo este o ano zero, a nossa actividade implicará, também, um esforço reforçado tanto na divulgação desta secção de atletismo como também no recrutamento de recursos humanos para engrandecer este projecto, atletas, apoiantes e colaboradores aos mais diversos níveis.

Está já programada a primeira actividade para o dia 25 de Abril, com um Passeio pedestre (percurso a seleccionar) a realizar-se durante a manhã, com início na praça do Município. A actividade inicia-se com exercícios de aquecimento colectivo e coordenado e termina no mesmo espaço, com alongamentos e se possível (com a colaboração de entidades competentes) com rastreio da tensão arterial. Oferta de uma T-shirt e uma garrafa de água, no início da competição e, no final, oferta de uma garrafa de água e uma peça de fruta – Valor simbólico de inscrição.

Para mais informações, os interessados podem contactar:

Paula Maurício - telemóvel 962360550

José Henriques- telemóvel 925941350

Luis Biscaia - telemóvel 926602011

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Certas Palavras

Certas palavras não podem ser ditas
em qualquer lugar e hora qualquer.
Estritamente reservadas
para companheiros de confiança,
devem ser sacralmente pronunciadas
em tom muito especial
lá onde a polícia dos adultos
não adivinha nem lança.

Entretanto são palavras simples:
definem
partes do corpo, movimentos, actos
do viver que só os grandes se permitem
e a nós é defendido por sentença
dos séculos.

E tudo é proibido. Então, falamos.

Carlos Drummond de Andrade, in "Boitempo"

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A vida é cheia de escolhas...


"Perderei a minha utilidade
no dia em que abafar a voz
da consciência em mim"


Mahatma Ghandi

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

2010 O Ano Europeu da Luta Contra a Pobreza e Exclusão Social

Não me vou alongar muito neste tema, por hoje, apenas quero acrescentar mais uma voz a outras vozes que, a partir de agora, irão espalhar a mensagem de alerta para esta terrível realidade social, a probreza e a exclusão. Existe um provérbio popular que diz " água mole em pedra dura, tanto dá até que fura" e é esta a esperança que tenho, que de tanto se falar sobre o assunto, se consiga sensibilizar alguém que faça a diferença, pois até agora e como dizem os Gato Fedorento, "eles falam, falam, falam mas não fazem nada! E eu fico chateada, claro que fico chateada."

Para início de ano e intenções, o que Jardim Moreira, o presidente em Portugal da Rede Anti-Pobreza, falou em entrevista hoje à TSF não foi lá muito animador, dado que referiu que Portugal vai disponibilizar, apenas, 700 mil euros "para colocar na ordem do dia a Pobreza". Com o elevado número de pobres existentes em Portugal (cerca de 2 milhões), número, esse, que tem vindo a aumentar com o crescente número de desempregados e de empregados que, pelos baixos salários e agravamento da economia não conseguem pagar as despesas e encargos mensais e aos quais juntamos ainda as pessoas idosas e os reformados, que vivem e sobrevivem com reformas inferiores ao salário mínimo, é um valor ridículo. Mais grave, ainda, é que esta verba apenas se destina a promover, a por em agenda ou para sensibilizar as pessoas para o problema.

Num país onde o Governador de Portugal ganha, por ano, quase metade deste valor; Num país, onde se gastam milhões de euros para comprar futebolistas e os respectivos clubes nem sequer pagam os impostos que deveriam pagar; Num país onde os bancos têm milhões de Euros de lucro e dizem que têm que aumentar os juros (que os clientes pagam) porque a economia vai mal; Num país onde algumas empresas têm lucros de milhões e, mesmo assim, despedem os seus colaboradores invocando a crise economica, etc.etc. falar em disponibilizar 700 mil euros até dá vontade de rir, se não fosse um assunto tão sério.