Começo esta última crónica sobre o Poder dos Mass Media pegando nesta frase de Pierre Bourdieu o “ universo do jornalismo é um campo, que está sob a coação do campo económico por intermédio dos níveis de audiência. E este campo muito heterogéneo, muito fortemente submetido às coações comerciais, excede ele próprio uma coação sobre todos os outros campos, enquanto estrutura”. Enganem-se aqueles que consideram que é apenas o jornalismo independente e isento, que está em decadência, pois também o jornalismo e o jornalista profissional perdeu a autonomia em relação aos empregadores, estando, por isso dependente do mercado e de pressões comerciais para trabalhar. Como diz Boaventura Sousa Santos “Este tipo de jornalismo está hoje ameaçado por um tipo alternativo: o jornalista proletário, privado de opinião própria, sujeito como qualquer trabalhador a receber ordens, quer para escrever, quer para eliminar conteúdos. É uma transformação violenta que, para ser combatida com eficácia, precisa ser vista, não como um ataque aos jornalistas, mas como um ataque à democracia”.
O jornalismo profissional, surgiu como forma de garantir a credibilidade da informação, demarcando-a dos interesses dos proprietários públicos ou privados dos media. Apesar dessa determinação inicial, tem-se vindo a constatar que influência política nos media, é amplamente determinada pelos jornalistas profissionais e pela sua interacção com e das elites políticas. Pois estas elites, a partir do momento em que têm acesso desigual aos símbolos económicos e simbólicos, utilizam essa mais-valia como uma ferramenta para exposição dos seus interesses, agindo como se fosse no interesse de todos,e ganhando desta forma, não apenas o consenso popular para as políticas, arranjos sociais e ideias a seu favor como, também, o apoio (mesmo que forçado) dos jornalistas, dados os interesses profissionais, pessoais e económicos associados. De acordo com James Curran “o seu domínio pode originar a marginalização de outras perspectivas, fazendo com que os media definam o debate público em função das posições elitistas.”
Do meu ponto de vista, a comunicação social, tal como os jornalistas, têm responsabilidades sociais que não podem estar cativas de outros critérios senão os dos princípios éticos e deontológicos da profissão, correndo o risco de a legitimidade do processo de comunicação – produção e divulgação da informação - não respeitar os princípios de liberdade, objectividade e pluralismo, convenientes numa sociedade efectivamente democrática. Não praticando e não respeitando as suas obrigações perante o público, impedindo a participação esclarecida e a interacção racional entre os diversos actores do campo mediático, a comunicação social não cumpre os princípios fundamentais da democracia. Tal como afirmou Boaventura Sousa Santos numa artigo da revista Visão de 25 de Novembro de 2004, os media que deviam ter “uma função de vigilância em relação aos detentores de poder político, económico e social, dando a informação que torne possível o controlo democrático (…) e fornecer informação credível e um expectro amplo de opiniões sobre questões importantes para o desenvolvimento da cidadania”, acabam, assim, por comprometer esse papel em função dos seus próprios de interesses económicos e ideológicos por três motivos que me parecem por demais evidentes. Primeiro, porque a sua independência do poder político nem sempre acontece e, com regularidade, programas de televisão, jornalismo de investigação e o agendamento ou escolha dos temas de debate, são uma forma de responder a iniciativas dos políticos ou dos governos; segundo, porque estando também economicamente dependentes do sector privado, nem sempre estão isentos, das influências políticas ou ideológicas daqueles de que financeiramente dependem; terceiro, porque estando os media fortemente dominados pela lógica da rentabilidade financeira, o entendimento de grande parte dos administradores dos meios de comunicação, apenas vê as notícias e outros programas, como produtos para vender.
Como parece claro, e recorrendo à ideia deixada por Manuel Castells, a lógica de acção dos média, não favorece uma maior inclusão ou participação dos cidadãos no debate político, no desenvolvimento da cidadania activa ou uma sociedade cada vez mais participada pelo cidadão, funcionando em muitas circunstâncias como “gatekeepers” (porteiros) nos fluxos de informação, moldando a opinião pública e criando uma realidade, conveniente, tanto para si próprios como também para quem tem o poder económico e político.
Os media são actualmente, o meio de comunicação que converte o espaço público, não só, num espaço de comunicação mas, também, num espaço de interacção, de mobilização e de conflito, continuando, infelizmente, a ser uma ferramenta pouco utilizada para a participação civil nas determinações ora dos governos ora das empresas ora de outros centros de decisão.
O jornalismo profissional, surgiu como forma de garantir a credibilidade da informação, demarcando-a dos interesses dos proprietários públicos ou privados dos media. Apesar dessa determinação inicial, tem-se vindo a constatar que influência política nos media, é amplamente determinada pelos jornalistas profissionais e pela sua interacção com e das elites políticas. Pois estas elites, a partir do momento em que têm acesso desigual aos símbolos económicos e simbólicos, utilizam essa mais-valia como uma ferramenta para exposição dos seus interesses, agindo como se fosse no interesse de todos,e ganhando desta forma, não apenas o consenso popular para as políticas, arranjos sociais e ideias a seu favor como, também, o apoio (mesmo que forçado) dos jornalistas, dados os interesses profissionais, pessoais e económicos associados. De acordo com James Curran “o seu domínio pode originar a marginalização de outras perspectivas, fazendo com que os media definam o debate público em função das posições elitistas.”
Do meu ponto de vista, a comunicação social, tal como os jornalistas, têm responsabilidades sociais que não podem estar cativas de outros critérios senão os dos princípios éticos e deontológicos da profissão, correndo o risco de a legitimidade do processo de comunicação – produção e divulgação da informação - não respeitar os princípios de liberdade, objectividade e pluralismo, convenientes numa sociedade efectivamente democrática. Não praticando e não respeitando as suas obrigações perante o público, impedindo a participação esclarecida e a interacção racional entre os diversos actores do campo mediático, a comunicação social não cumpre os princípios fundamentais da democracia. Tal como afirmou Boaventura Sousa Santos numa artigo da revista Visão de 25 de Novembro de 2004, os media que deviam ter “uma função de vigilância em relação aos detentores de poder político, económico e social, dando a informação que torne possível o controlo democrático (…) e fornecer informação credível e um expectro amplo de opiniões sobre questões importantes para o desenvolvimento da cidadania”, acabam, assim, por comprometer esse papel em função dos seus próprios de interesses económicos e ideológicos por três motivos que me parecem por demais evidentes. Primeiro, porque a sua independência do poder político nem sempre acontece e, com regularidade, programas de televisão, jornalismo de investigação e o agendamento ou escolha dos temas de debate, são uma forma de responder a iniciativas dos políticos ou dos governos; segundo, porque estando também economicamente dependentes do sector privado, nem sempre estão isentos, das influências políticas ou ideológicas daqueles de que financeiramente dependem; terceiro, porque estando os media fortemente dominados pela lógica da rentabilidade financeira, o entendimento de grande parte dos administradores dos meios de comunicação, apenas vê as notícias e outros programas, como produtos para vender.
Como parece claro, e recorrendo à ideia deixada por Manuel Castells, a lógica de acção dos média, não favorece uma maior inclusão ou participação dos cidadãos no debate político, no desenvolvimento da cidadania activa ou uma sociedade cada vez mais participada pelo cidadão, funcionando em muitas circunstâncias como “gatekeepers” (porteiros) nos fluxos de informação, moldando a opinião pública e criando uma realidade, conveniente, tanto para si próprios como também para quem tem o poder económico e político.
Os media são actualmente, o meio de comunicação que converte o espaço público, não só, num espaço de comunicação mas, também, num espaço de interacção, de mobilização e de conflito, continuando, infelizmente, a ser uma ferramenta pouco utilizada para a participação civil nas determinações ora dos governos ora das empresas ora de outros centros de decisão.
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