" Há tantos burros mandando
em homens de inteligência
que às vezes fico pensando
se a burrice não será uma ciência"
António Aleixo
sexta-feira, 25 de março de 2011
terça-feira, 15 de março de 2011
O espírito democrático em Portugal
Nestes últimos dias duas notícias têm sido extensivamente divulgadas nos meios de comunicação nacional, que apesar dos protagonistas se encontrarem em posições opostas, chamaram a minha atenção exactamente pelo mesmo motivo, falta de respeito pela democracia e os valores a ela associados. Estou a falar da atitude do nosso primeiro ministro, que ignorando as instituições democraticamente eleitas do Estado Português e os cidadãos contribuintes que pagam a “factura da crise” e neste momento são os principais e únicos sancionados, se dirigiu a Bruxelas e negociou esses mesmo cidadãos sem pelo menos os informar que iam ser novamente “tramados” e porque é que iam ser “tramados”; e estou também a falar dos “grevistas” camionistas que, tomando a liberdade de agir da forma que entenderam para defender os seus direitos, coagem outros colegas profissionais a fazer greve através de ameaças, que põem em causa a integridade física, o direito de escolha e o direito de propriedade - Ou fazem greve ou senão “sujeitam-se ás consequências” - Esta tem sido uma das frases mais utilizadas e ouvidas de "persuasão" à greve. E as consequências têm sido graves, pois não só materiais, como os danos causados nas viaturas pelo arremesso de pedras, são também as lesões físicas causadas por estilhaços dos vidros partidos e, infelizmente, até no passado, o falecimento um camionista atropelado por colegas de profissão. Os semblantes e palavras de ordem de alguns são bastante elucidativos da forma de "persuasão" que estes senhores pretendem prosseguir.
A que estado chegou a democracia! Pergunto se existe alguma diferença entre a acção de uns e de outros. Claro que não há! Por mais que os camionistas possam ter razão nos princípios que os levam a fazer greve, a forma e os meios utilizados ficam muito aquém dos valores democráticos como é, por exemplo, a liberdade de escolha individual. Também o Sr. José Sócrates tem contas a prestar, a todos nós portugueses, pois apesar da legitimidade dada através do voto e mesmo julgando serem certas as medidas apresentadas para pagar uma crise (que nem foram os reformados nem os trabalhadores do ordenado mínimo ou dos 1500 euros ou dos recibos verdes que a fizeram) não pode nem tem o direito de, em nome da democracia, esquecer ou agir contráriamente aos valores democráticos e Constitucionalmente instituídos.
Sempre me ensinaram que a nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros. Obrigar, falar e agir em nome dos outros sem o seu consentimento ou através de qualquer tipo de coação ou justificação, sem respeitar o indivíduo ou as instituições não é agir ou defender a democracia mas sim o despotismo. Que eu saiba, o Salazar morreu, o Estado Novo morreu, a PIDE desapareceu e não queremos nem admitimos que voltem, portanto, se continuar-mos a permitir que alguns ajam como déspotas, onde é que vai parar a democracia?
E é este o espírito democrático que temos, suspende-se a democracia quando dá jeito, o pior é se ela é suspendida de vez, como parece estar a acontecer. Uma vez agora, outra vez no que interessa, outra vez porque tem que ser e ...
A que estado chegou a democracia! Pergunto se existe alguma diferença entre a acção de uns e de outros. Claro que não há! Por mais que os camionistas possam ter razão nos princípios que os levam a fazer greve, a forma e os meios utilizados ficam muito aquém dos valores democráticos como é, por exemplo, a liberdade de escolha individual. Também o Sr. José Sócrates tem contas a prestar, a todos nós portugueses, pois apesar da legitimidade dada através do voto e mesmo julgando serem certas as medidas apresentadas para pagar uma crise (que nem foram os reformados nem os trabalhadores do ordenado mínimo ou dos 1500 euros ou dos recibos verdes que a fizeram) não pode nem tem o direito de, em nome da democracia, esquecer ou agir contráriamente aos valores democráticos e Constitucionalmente instituídos.
Sempre me ensinaram que a nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros. Obrigar, falar e agir em nome dos outros sem o seu consentimento ou através de qualquer tipo de coação ou justificação, sem respeitar o indivíduo ou as instituições não é agir ou defender a democracia mas sim o despotismo. Que eu saiba, o Salazar morreu, o Estado Novo morreu, a PIDE desapareceu e não queremos nem admitimos que voltem, portanto, se continuar-mos a permitir que alguns ajam como déspotas, onde é que vai parar a democracia?
E é este o espírito democrático que temos, suspende-se a democracia quando dá jeito, o pior é se ela é suspendida de vez, como parece estar a acontecer. Uma vez agora, outra vez no que interessa, outra vez porque tem que ser e ...
segunda-feira, 14 de março de 2011
Portugal, o país mais milagreiro ou o país com o maior índice de doenças mentais?
Fui ontem a um dos hipermercados a funcionar no Bombarral e, como é habitual, quando entrei o pequeno espaço assinalado e reservado a pessoas de mobilidade reduzida, estava já ocupado por dois veículos. Quando saí todos os lugares estavam completos e, como sempre, dei uma olhadela para ver se algum dos carros ostentava dístico que indicasse que o seu proprietário era um legítimo utilizador daquele espaço. Claro que não fiquei surpreendida ao constatar que não, mas fiquei mais uma vez a falar sózinha de indignação pela falta de civismo das pessoas. Felizmente que a maioria dos utilizadores dos espaços públicos são pessoas que não tem qualquer dificuldade em andar ou deslocar-se mas, por isso mesmo, deveriam ter consideração por quem o não pode fazer. Para quem tem dificuldades em andar, qualquer metro faz toda a diferença. Estacionar o carro a dois metros e ter que percorrer essa distância para entrar no supermercado e sair carregando as compras ou estacionar a vinte metros, temos que concordar que é consideravelmente muito mais difícil para quem anda de cadeira de rodas, de muletas, está grávida, seja idoso do que para quem anda com as duas perninhas seja novo e saudável. Já cheguei a perguntar a algumas pessoas, que acabavam de estacionar os seu carrinhos nos lugares de deficientes e via sair do seu carrinho todas ligeiras, se sabiam o que significava aquele sinal de estacionamento e nenhuma delas me respondeu, mostrou satisfação por ter sido chamada à atenção ou foi retirar o veículo, o que só comprova o que penso, existe muita falta de educação e civismo por este país fora. Até porque o que se passa no Bombarral, passa-se em todo o país, pois já andei por muitos lugares e o que observo é sempre idêntico, que os lugares reservados a deficientes ou pessoas de mobilidade reduzida estão sempre ocupados. Se não é falta de civismo então das duas uma, ou são pessoas com deficiência mental, ou então devem ocorrer muitos milagres por esse país fora. Bem sei que temos cá a Nossa Senhora de Fátima e muita gente devota, mas nunca pensei e creio que nem mesmo os clérigos deste país devem ter a noção da quantidade de crentes e de milagres que ocorrem diariamente em Portugal. É que quando vejo estes inválidos saírem e se deslocam e entram nas suas viaturas, nenhuma deficiência se nota, portanto só posso deduzir que foi mais um milagre que ocorreu.
segunda-feira, 7 de março de 2011
Na véspera do dia Internacional da Mulher
Mais uma vez, mais um ano, mais um dia em que se fala do dia da mulher. Tal como anteriormente escrevi, é com imenso desconforto que chego sempre a este dia e oiço e leio títulos e manchetes na comunicação social assinalando o dia 8 de Março como o dia Internacional da Mulher. É que logo à partida, a existência de um dia dedicado à mulher, apesar do seu simbolismo, não é um sinal de respeito nem pela mulher nem pela igualdade de género, mas sim o seu contrário, ou seja, um sinal de que pelo facto de não existir igualdade entre seres humanos, diferenciados pelo género, continuam a ser diferenciados nas oportunidades, tanto a nível profissional, familiar como político. E esta diferenciação nada tem a ver com capacidades intelectuais ou físicas, mas sim com outros interesses e valores ignóbeis e nem sequer incluo aqui valores religiosos e culturais, porque senão, daria para escrever uma colecção de livros.
Recorrer a um dia da mulher para referenciar tudo o que está desigual e apelar à igualdade de direitos é para mim, e tenho a certeza que para muitas mulheres, sempre sentido como negativo e mais diferenciador ainda, pois se aparentemente parece celebrar-se a mulher, para mim não passa de mais uma forma de evidenciar o papel secundário a que a mulher ainda está sujeita na sociedade do século XXI.
A frustração e desconforto que nós mulheres sentimos com o assinalar deste dia, é sempre intensificado pelos dados estatísticos revelados, pois sabemos que não são apenas os números ou estatísticas que mostram de forma inequívoca a existência desta desigualdade mas é também o sentir a correspondência desses dados com a realidade do nosso dia a dia.
Teoricamente somos todos iguais, ou melhor, perante a lei temos todos os mesmos direitos, liberdades, garantias e oportunidades mas na vida real isso continua muito longe de acontecer e é só ver nas estatísticas do desemprego quem é penalizado; nos valores médios dos vencimentos quem ganha menos; na disparidade de cargos de direcção e chefia de topo ocupados homens e mulheres; nas diferenças entre os valores médios das reformas recebidos por homens e mulheres e por aí adiante.
Ainda hoje li num jornal diário o resultado de um inquérito, a que não acedi à ficha técnica, mas que me chamou a atenção não apenas pela peculiaridade da questão mas principalmente pelo significado implícito nas respostas. Segundo este jornal, este inquérito terá sido feito pelo MMM Survey of Motheres in Europe e foi perguntado a homens e mulheres em vários países da Europa quantos achavam que a maternidade satisfazia as mulheres. Imagine-se que dos inquiridos a maior percentagem a responder que elas se satisfazem com a maternidade foram os homens. Por exemplo, na Grécia 79% homens contra 43% das mulheres pensam assim, o mesmo em Itália, 55% homens e 35% das mulheres, Reino Unido 43% de homens e 25% mulheres. Palavras para quê? Se eles continuam a achar que elas ficam satisfeitas com a maternidade e claro, com todas as implicações a outros níveis que daí advêm, então irónicamente falando, não fazem nada mais do que satisfazer essas pretensas satisfações femininas, esquecem é o mais importante, perguntar se é isso mesmo que elas querem ou se é com estas condições que querem.
Por razões diversas, todas elas legítimas, algumas mulheres têm por convicção de que certos cargos ou actividades são mesmo só para homens, outras vêem nas outras mulheres potenciais adversárias e tudo fazem para as manter fora da concorrência, muitas outras aceitam as condições impostas por esta sociedade machista, daí que não se pode culpabilizar ou responsabilizar só os homens por esta situação mas se é por uma questão de escolha ou convicção pessoal, então deixem ficar em casa quem quiser ficar em casa e não cortem as oportunidades a quem não se satisfaça ou dispõe a isso.
Muito já se fez mas muito continua por se fazer no que respeita à convergência dos direitos efectivos entre homens e mulheres, no entanto e na minha modesta opinião, enquanto os partidos políticos continuarem a arranjar “esquemas” para manterem as mulheres afastadas das suas lideranças (mesmo com lei da paridade em vigor) ou a denegrir a imagem de outras porque se tentam impor ou põem a nu as más gestões ou conluios entre eles; enquanto os cargos de direcção ou chefias ao mais alto nível continuarem a ser entregues aos homens, escondendo as verdadeiras razões levam à opção de escolha masculina em detrimento da feminina, estas estatísticas vão continuar a existir e vamos continuar a celebrar o dia da mulher por razões de injustiça social ou diferenciação negativa.
Perante tudo isto apetece-me perguntar se mesmo com os números a demonstrarem que são as mulheres as que mais cursos superiores têm; se são as mulheres que mais elevados níveis de escolaridade atingem; se são as mulheres que menos abandono escolar protagonizam; se são as mulheres a maioria da população mundial; se são as mulheres que maioritariamente gerem a vida familiar aos mais variados níveis, então o que justifica o seu afastamento ou uma pretensa falta de capacidade para não estar ao mesmo nível dos homens? Será que eles têm a coragem de assumirem realmente o que pensam a este respeito?
O dia da mulher será aquele em que não seja necessário existir um.
A frustração e desconforto que nós mulheres sentimos com o assinalar deste dia, é sempre intensificado pelos dados estatísticos revelados, pois sabemos que não são apenas os números ou estatísticas que mostram de forma inequívoca a existência desta desigualdade mas é também o sentir a correspondência desses dados com a realidade do nosso dia a dia.
Teoricamente somos todos iguais, ou melhor, perante a lei temos todos os mesmos direitos, liberdades, garantias e oportunidades mas na vida real isso continua muito longe de acontecer e é só ver nas estatísticas do desemprego quem é penalizado; nos valores médios dos vencimentos quem ganha menos; na disparidade de cargos de direcção e chefia de topo ocupados homens e mulheres; nas diferenças entre os valores médios das reformas recebidos por homens e mulheres e por aí adiante.
Ainda hoje li num jornal diário o resultado de um inquérito, a que não acedi à ficha técnica, mas que me chamou a atenção não apenas pela peculiaridade da questão mas principalmente pelo significado implícito nas respostas. Segundo este jornal, este inquérito terá sido feito pelo MMM Survey of Motheres in Europe e foi perguntado a homens e mulheres em vários países da Europa quantos achavam que a maternidade satisfazia as mulheres. Imagine-se que dos inquiridos a maior percentagem a responder que elas se satisfazem com a maternidade foram os homens. Por exemplo, na Grécia 79% homens contra 43% das mulheres pensam assim, o mesmo em Itália, 55% homens e 35% das mulheres, Reino Unido 43% de homens e 25% mulheres. Palavras para quê? Se eles continuam a achar que elas ficam satisfeitas com a maternidade e claro, com todas as implicações a outros níveis que daí advêm, então irónicamente falando, não fazem nada mais do que satisfazer essas pretensas satisfações femininas, esquecem é o mais importante, perguntar se é isso mesmo que elas querem ou se é com estas condições que querem.
Por razões diversas, todas elas legítimas, algumas mulheres têm por convicção de que certos cargos ou actividades são mesmo só para homens, outras vêem nas outras mulheres potenciais adversárias e tudo fazem para as manter fora da concorrência, muitas outras aceitam as condições impostas por esta sociedade machista, daí que não se pode culpabilizar ou responsabilizar só os homens por esta situação mas se é por uma questão de escolha ou convicção pessoal, então deixem ficar em casa quem quiser ficar em casa e não cortem as oportunidades a quem não se satisfaça ou dispõe a isso.
Muito já se fez mas muito continua por se fazer no que respeita à convergência dos direitos efectivos entre homens e mulheres, no entanto e na minha modesta opinião, enquanto os partidos políticos continuarem a arranjar “esquemas” para manterem as mulheres afastadas das suas lideranças (mesmo com lei da paridade em vigor) ou a denegrir a imagem de outras porque se tentam impor ou põem a nu as más gestões ou conluios entre eles; enquanto os cargos de direcção ou chefias ao mais alto nível continuarem a ser entregues aos homens, escondendo as verdadeiras razões levam à opção de escolha masculina em detrimento da feminina, estas estatísticas vão continuar a existir e vamos continuar a celebrar o dia da mulher por razões de injustiça social ou diferenciação negativa.
Perante tudo isto apetece-me perguntar se mesmo com os números a demonstrarem que são as mulheres as que mais cursos superiores têm; se são as mulheres que mais elevados níveis de escolaridade atingem; se são as mulheres que menos abandono escolar protagonizam; se são as mulheres a maioria da população mundial; se são as mulheres que maioritariamente gerem a vida familiar aos mais variados níveis, então o que justifica o seu afastamento ou uma pretensa falta de capacidade para não estar ao mesmo nível dos homens? Será que eles têm a coragem de assumirem realmente o que pensam a este respeito?
O dia da mulher será aquele em que não seja necessário existir um.
sexta-feira, 4 de março de 2011
Tesourinhos...no atletismo português

Deixo aqui este apontamento sobre algumas situações, no mínimo caricatas, sobre o atletismo em Portugal, que quase me dá a tentação de os equiparar àqueles emails que já todos recebemos e que estão intitulados “Portugal no seu melhor” ou “ Autênticos tesourinhos de Portugal”.
A primeira diz respeito ao erro de inscrição da atleta Sara Moreira nos Campeonatos da Europa de Atletismo, já iniciados hoje dia 04-03-2011 em Paris (França) em que, por um infeliz erro, a atleta especialista nos 3000m e com ambições a uma medalha de ouro, foi inscrita na prova dos 1500m, para a qual não se preparou. Ouvi hoje na comunicação social durante a manhã que a atleta viajou para França junto com os outros atletas portugueses e que pretende competir nos 1500m.
Em primeiro lugar quero louvar esta atleta por esta decisão, pois mesmo não sendo a sua especialidade, não tendo sido a distância para que tem treinado, de perder a oportunidade de revalidar a medalha de prata que conquistou nos últimos campeonatos ou pior, ter-lhe sido retirada a oportunidade de conquistar o ouro, vai mesmo assim participar e dar o seu melhor nesta distância. É uma demonstração inequívoca da personalidade e compromisso desta atleta ao atletismo que, infelizmente, não encontramos muito por aí, seja no desporto seja noutra área qualquer da nossa vida colectiva. Não existem palavras ou argumentos que possam consolar a atleta por este erro que a impossibilita de poder participar numa prova para a qual tanto trabalhou, treinou e expectativas criou.
Apesar de sabermos que o ser humano não é infalível, estas coisas não devem nem podem acontecer, porque é como a água do rio que passa debaixo da ponte, nunca mais volta a passar, ou seja, podem existir outros campeonatos onde esta atleta possa competir, podem ser conquistadas outras medalhas ou outros títulos desportivos, desejo muito que sim, mas esta oportunidade passou, não por incompetência da atleta, não por falta de capacidade desportiva da atleta mas por um erro burocrático cometido por alguém. Mas também quero frisar aqui o seguinte, se existe a possibilidade do ser humano falhar, então porque é que os regulamentos não podem colmatar essa possibilidade? Ou seja, se se abrem excepções para tanta coisa, se se acrescentam ressalvas em tantos contratos, legislação e regulamentos, então porque é que os regulamentos das provas de atletismo não contemplam a possibilidade de excepção ou correcção de erros humanos? Ainda por cima quando os atletas já são conhecidos e todos sabem as modalidades e distâncias em que habitualmente participam. Penso de se deve reflectir sobre isto seriamente, pois se a memória não me falha, não é a primeira vez que acontece um erro deste género no atletismo.
Em segundo lugar e relativamente à demissão do Sr. Fernando Mota, é evidente que ele se sente moralmente responsável e pediu a demissão de Presidente da FPA, o que infelizmente, não vai resolver coisa nenhuma mas apenas vem acrescentar mais um problema ao problema já existente. Pois nem pela sua demissão se vai resolver a situação criada, superar a frustração ou diminuir o desalento à atleta Sara Moreira como, ainda por cima, o atletismo português fica deduzido de mais um elemento que tanto tem contribuído para a ascensão e valorização do atletismo português e dos atletas portugueses.
A primeira diz respeito ao erro de inscrição da atleta Sara Moreira nos Campeonatos da Europa de Atletismo, já iniciados hoje dia 04-03-2011 em Paris (França) em que, por um infeliz erro, a atleta especialista nos 3000m e com ambições a uma medalha de ouro, foi inscrita na prova dos 1500m, para a qual não se preparou. Ouvi hoje na comunicação social durante a manhã que a atleta viajou para França junto com os outros atletas portugueses e que pretende competir nos 1500m.
Em primeiro lugar quero louvar esta atleta por esta decisão, pois mesmo não sendo a sua especialidade, não tendo sido a distância para que tem treinado, de perder a oportunidade de revalidar a medalha de prata que conquistou nos últimos campeonatos ou pior, ter-lhe sido retirada a oportunidade de conquistar o ouro, vai mesmo assim participar e dar o seu melhor nesta distância. É uma demonstração inequívoca da personalidade e compromisso desta atleta ao atletismo que, infelizmente, não encontramos muito por aí, seja no desporto seja noutra área qualquer da nossa vida colectiva. Não existem palavras ou argumentos que possam consolar a atleta por este erro que a impossibilita de poder participar numa prova para a qual tanto trabalhou, treinou e expectativas criou.
Apesar de sabermos que o ser humano não é infalível, estas coisas não devem nem podem acontecer, porque é como a água do rio que passa debaixo da ponte, nunca mais volta a passar, ou seja, podem existir outros campeonatos onde esta atleta possa competir, podem ser conquistadas outras medalhas ou outros títulos desportivos, desejo muito que sim, mas esta oportunidade passou, não por incompetência da atleta, não por falta de capacidade desportiva da atleta mas por um erro burocrático cometido por alguém. Mas também quero frisar aqui o seguinte, se existe a possibilidade do ser humano falhar, então porque é que os regulamentos não podem colmatar essa possibilidade? Ou seja, se se abrem excepções para tanta coisa, se se acrescentam ressalvas em tantos contratos, legislação e regulamentos, então porque é que os regulamentos das provas de atletismo não contemplam a possibilidade de excepção ou correcção de erros humanos? Ainda por cima quando os atletas já são conhecidos e todos sabem as modalidades e distâncias em que habitualmente participam. Penso de se deve reflectir sobre isto seriamente, pois se a memória não me falha, não é a primeira vez que acontece um erro deste género no atletismo.
Em segundo lugar e relativamente à demissão do Sr. Fernando Mota, é evidente que ele se sente moralmente responsável e pediu a demissão de Presidente da FPA, o que infelizmente, não vai resolver coisa nenhuma mas apenas vem acrescentar mais um problema ao problema já existente. Pois nem pela sua demissão se vai resolver a situação criada, superar a frustração ou diminuir o desalento à atleta Sara Moreira como, ainda por cima, o atletismo português fica deduzido de mais um elemento que tanto tem contribuído para a ascensão e valorização do atletismo português e dos atletas portugueses.
A segunda situação, apesar de ser benfiquista, diz respeito ao Sporting Clube de Portugal em geral, e às outras modalidades desportivas em particular com enfoque no atletismo.
Claro que vou falar do Sporting por razões relacionadas principalmente com o atletismo, pois ninguém tem dúvidas, apenas os sócios/adeptos sportinguistas parecem ter, que este clube tem sido e continua a ser o clube que mais atletas tem dado à Selecção Nacional de Atletismo, que mais atletas premiados a nível nacional e internacional tem tido, que mais títulos tem conquistado e este ano voltou a ser mais uma vez o Clube Campeão Nacional de Pista Coberta no sector feminino e masculino. Portanto, parecem-se ser razões mais do que suficientes para trazer este clube à berlinda, até porque, enquanto amante e praticante de atletismo nunca compreendi porque é que mesmo considerando a sua menor dimensão comparativamente ao futebol, os clubes, os grandes clubes, desprezam o atletismo. O Atletismo no Futebol Clube do Porto é o que se vê, o Sporting conseguiu inclusive, deitar abaixo um estádio com pista de atletismo e construir um novo só para o futebol, pista... nem de cinza, o estádio de Leiria, construído para o Euro 2004, levou pista de atletismo mas agora querem deitá-lo abaixo e nem o facto de existirem naquela cidade vários bons atletas praticantes de várias modalidades do atletismo ou já se terem lá realizado campeonatos internacionais e possibilidade de continuarem a ocorrer no futuro, é sequer motivo de ponderação para manter aquele espaço. Enfim é sempre mais do mesmo. A euforia é o futebol, o dinheiro é para o futebol, os investimentos são para o futebol mas os bons resultados desportivos são do atletismo. Não se compreende! Assim como não se compreende chamar desporto a uma modalidade que continuadamente é precursora de violência dentro e fora dos estádios, entre atletas, entre atletas e árbitros, entre atletas e treinadores, entre adeptos e entre adeptos e todos os anteriores. Voltando ao Sporting e à situação de desgoverno futebolístico, tenho assistido através da comunicação social, às apresentações das diversas candidaturas para o lugar deixado vago pelo senhor Bettencourt e o seu staff e, para além de várias questões que me assaltam sempre sobre as motivações que levam estas pessoas a apresentarem-se a eleições, interrogo-me sempre se não existe em nenhuma delas um nadinha de espaço para falar e elevar o clube também pelas conquistas das outras modalidades entre elas o atletismo. Claro que não conheço nem li os programas das diversas candidaturas, mas até hoje não ouvi uma palavra nem li uma linha onde não se falasse apenas do futebol e da desgraça do clube por causa do futebol.
Não é minha intenção desmerecer o futebol ou desvalorizar a dimensão da modalidade, mas os outros atletas e seus adeptos e sócios não devem sentir-se exactamente valorizados assim como eu enquanto atleta e cidadã portuguesa não me sinto, pois este país não pode ser só futebol e o resto ser paisagem. Atletas como a Albertina Dias no atletismo ou a Teresa Machado no lançamento do disco e peso e que representaram o atletismo português e Clubes como o Sporting Clube de Portugal e o Futebol Clube do Porto são algumas das vítimas da propensão futebolística dos grandes clubes e parece que naquilo ao que ao Sporting diz respeito, vai continuar, apesar de ter um enorme roll de atletas, alguns deles a competir neste momento nos Campeonatos Europeus de Atletismo em França, companheiros da Sara Moreira do Maratona.
Claro que vou falar do Sporting por razões relacionadas principalmente com o atletismo, pois ninguém tem dúvidas, apenas os sócios/adeptos sportinguistas parecem ter, que este clube tem sido e continua a ser o clube que mais atletas tem dado à Selecção Nacional de Atletismo, que mais atletas premiados a nível nacional e internacional tem tido, que mais títulos tem conquistado e este ano voltou a ser mais uma vez o Clube Campeão Nacional de Pista Coberta no sector feminino e masculino. Portanto, parecem-se ser razões mais do que suficientes para trazer este clube à berlinda, até porque, enquanto amante e praticante de atletismo nunca compreendi porque é que mesmo considerando a sua menor dimensão comparativamente ao futebol, os clubes, os grandes clubes, desprezam o atletismo. O Atletismo no Futebol Clube do Porto é o que se vê, o Sporting conseguiu inclusive, deitar abaixo um estádio com pista de atletismo e construir um novo só para o futebol, pista... nem de cinza, o estádio de Leiria, construído para o Euro 2004, levou pista de atletismo mas agora querem deitá-lo abaixo e nem o facto de existirem naquela cidade vários bons atletas praticantes de várias modalidades do atletismo ou já se terem lá realizado campeonatos internacionais e possibilidade de continuarem a ocorrer no futuro, é sequer motivo de ponderação para manter aquele espaço. Enfim é sempre mais do mesmo. A euforia é o futebol, o dinheiro é para o futebol, os investimentos são para o futebol mas os bons resultados desportivos são do atletismo. Não se compreende! Assim como não se compreende chamar desporto a uma modalidade que continuadamente é precursora de violência dentro e fora dos estádios, entre atletas, entre atletas e árbitros, entre atletas e treinadores, entre adeptos e entre adeptos e todos os anteriores. Voltando ao Sporting e à situação de desgoverno futebolístico, tenho assistido através da comunicação social, às apresentações das diversas candidaturas para o lugar deixado vago pelo senhor Bettencourt e o seu staff e, para além de várias questões que me assaltam sempre sobre as motivações que levam estas pessoas a apresentarem-se a eleições, interrogo-me sempre se não existe em nenhuma delas um nadinha de espaço para falar e elevar o clube também pelas conquistas das outras modalidades entre elas o atletismo. Claro que não conheço nem li os programas das diversas candidaturas, mas até hoje não ouvi uma palavra nem li uma linha onde não se falasse apenas do futebol e da desgraça do clube por causa do futebol.
Não é minha intenção desmerecer o futebol ou desvalorizar a dimensão da modalidade, mas os outros atletas e seus adeptos e sócios não devem sentir-se exactamente valorizados assim como eu enquanto atleta e cidadã portuguesa não me sinto, pois este país não pode ser só futebol e o resto ser paisagem. Atletas como a Albertina Dias no atletismo ou a Teresa Machado no lançamento do disco e peso e que representaram o atletismo português e Clubes como o Sporting Clube de Portugal e o Futebol Clube do Porto são algumas das vítimas da propensão futebolística dos grandes clubes e parece que naquilo ao que ao Sporting diz respeito, vai continuar, apesar de ter um enorme roll de atletas, alguns deles a competir neste momento nos Campeonatos Europeus de Atletismo em França, companheiros da Sara Moreira do Maratona.
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