terça-feira, 30 de junho de 2009

Que é isto de Democracia?

A propósito de democracia e do presidente das Honduras, alguém me poderia explicar o que é melhor para a democracia, se é deixar que um presidente altere a constituição para continuar no poder? Se é pô-lo de lá para fora antes que ele tenha tempo e oportunidade, de forma ilegal pelos vistos, de tomar conta da cadeira até morrer? É que, se bem me lembro, fez agora 35 anos, que nós portugueses, tivemos que recorrer às forças armadas para terminar com um regime, de quase 50 anos, que de democrático pouco tinha. Muito engraçado ler e ouvir opiniões, crónicas e afins, de pessoas que vivem em regimes democráticos, defenderem o coitadinho do presidente das Honduras que queria o poder só para ele mais uns aninhos...mas não o deixaram. Dá vontade de dizer - hà gandas democratas, viva o partido comunista! viva a didatura! viva o Salazar! ou então - com o mal dos outros tou em bem!
Esta é a pergunta que seria o início do fim... "¿Está usted de acuerdo que en las elecciones generales de noviembre de 2009 se instale una cuarta urna para decidir sobre la convocatoria a una asamblea nacional constituyente que apruebe una constitución política?"
A questão é mesmo saber o que poderia vir a fazer o Sr. Presidente, caso o resultado do referendo fosse sim. Porque, agora, ele não se pode recandidatar, mas e depois com esta carta em branco? Alguém põe as "mãos no lume" por Manuel Zelaya e pela sua tão bem intencionada democracia? Onde é que eu já vi isto... Olha, foi logo ali ao lado e o protagonista foi mesmo o Hugo Chavez.
A Democracia é ...

José Saramago

Realizou-se no dia 25 de Junho, no Tiara Park Atlantic Hotel, a apresentação do mais recente livro de José Saramago “O Caderno”. Este livro, não é mais do que a compilação dos textos escritos, durante 6 meses, por Saramago no seu blog http://blog.josesaramago.org/ .
Em resposta a uma jornalista presente, sobre se fazia sentido publicar em livro e, consequentemente, cobrar por algo que estava disponível gratuitamente no blog, Saramago respondeu que fazia todo o sentido sim, porque, além de já te terem esgotado duas edições até ao momento, existem pessoas que preferem ter o livro em casa, na estante, ao lado de outros livros do autor. Pilar, a sua mulher, acrescentou também, que todo o dinheiro proveniente da venda do livro se destinava à fundação José Saramago.
Foram cerca de duas horas bem dispostas, em que o autor falou acerca do blog, ironizou sobre “isto de ser bloguista”, de alguns temas da actualidade, respondeu a perguntas chegadas via internet outras colocadas directamente pelas pessoas presentes na sala.
Sem surpresa, consolidei a minha opinião sobre este autor e não mudo nem uma palavra do escrevi um dia acerca dele a propósito do livro “O Memorial do Convento” (…) sem hipocrisia, mas com ironia, humor, uma pitada de amor e imaginação, existe alguém escreve o que pensa e pensa o que escreve. (…)

terça-feira, 23 de junho de 2009

Caminharemos de Olhos Deslumbrados...

Caminharemos de olhos deslumbrados
E braços estendidos
E nos lábios incertos levaremos
O gosto a sol e a sangue dos sentidos.

Onde estivermos, há-de estar o vento
Cortado de perfumes e gemidos.
Onde vivermos, há-de ser o templo
Dos nossos jovens dentes devorando
Os frutos proibidos.

No ritual do verão descobriremos
O segredo dos deuses interditos
E marcados na testa exaltaremos
Estátuas de heróis castrados e malditos.

Ó deus do sangue! deus de misericórdia!
Ó deus das virgens loucas
Dos amantes com cio,
Impõe-nos sobre o ventre as tuas mãos de rosas,
Unge os nossos cabelos com o teu desvario!

Desce-nos sobre o corpo como um falus irado,
Fustiga-nos os membros como um látego doido,
Numa chuva de fogo torna-nos sagrados,
Imola-nos os sexos a um arcanjo loiro.

Persegue-nos, estonteia-nos, degola-nos, castiga-nos,
Arranca-nos os olhos, violenta-nos as bocas,
Atapeta de flores a estrada que seguimos
E carrega de aromas a brisa que nos toca.

Nus e ensanguentados dançaremos a glória
Dos nossos esponsais eternos com o estio
E coroados de apupos teremos a vitória
De nos rirmos do mundo num leito vazio.

Ary dos Santos

Verão Ardente


domingo, 21 de junho de 2009

" A vida moderna representa o triunfo da mediocridade colectiva"
(G. le Bon.)

Ás vezes as coisas funcionam...

O acordão do Supremo Tribunal de Justiça veio finalmente, e ao fim de 3 anos, dar razão a Manuel Alegre, ou melhor, veio mostar que a imprensa e/ou os jornalistas, ao fazerem uso de um direito fundamental, a liberdade de expressão e opinião, o devem fazer no respeito das duas partes e não violando o direito dos outros cidadãos. Sendo a liberdade de expressão e opinião um direito consagrado pela Constituição da República Portuguesa - Artº 8 nº 1- existe um limite à informação que deve e tem que ser respeitado, pois, para além destes direitos existem também deveres, também eles consagrados na Constituição - artº 8 nº2.
Lá diz o velho ditado e com razão " A nossa liberdade acaba onde começa a liberdade do outro."